A misofonia é uma condição em que uma pessoa tem uma sensibilidade severa a sons específicos. Para quem sofre, sons normais como buzinas, respiração alta, mascar chiclete, pessoas mastigando, cortes de unhas e escovação de dentes podem causar irritabilidade e provocar gatilhos para crises de estresse nas pessoas que enfrentam este problema.
De acordo com o Misophonia Institute, em todo o mundo, 15% dos adultos sofrem com essa síndrome.
Para entender sobre este caso, o Portal Webterra conversou com a otorrinolaringologista, Bianca Henriques Corrêa. Segundo a profissional, a aversão a sons podem causar diversas emoções negativas nos indivíduos.
“A misofonia é uma síndrome em que ocorre forte aversão a certos sons, sendo os mais comuns sons repetitivos produzidos por outras pessoas, como mastigação, clique de caneta, digitar no celular e estalar os lábios. A aversão pode causar várias emoções negativas como desagrado, aborrecimento, ódio, raiva e desconforto além de sintomas como taquicardia, dor no ouvido e sudorese”, destacou.
Segundo Bianca Corrêa, o problema pode surgir na infância, porém, se não for tratado, pode durar a vida inteira e trazer problemas no convívio social dos misofônicos.
“O problema pode surgir na infância e deve ser percebido pelos pais. A misofonia pode durar anos ou mesmo a vida inteira, se não for tratada, e pode provocar grande sofrimento, pois as pessoas passam a evitar situações nas quais esses sons possam ser produzidos, dificultando a convivência social e levando ao isolamento”, afirmou a profissional.
A otorrinolaringologista afirmou que essa condição deve ser avaliada o mais cedo possível através de um diagnóstico clínico, podendo ser feitos exames para descartar outros tipos de problemas.
“O tratamento é multi-disciplinar e inclui avaliação do profissional para exclusão de lesões auditivas. A avaliação diagnostica com o otorrino é a consulta clínica e podem ser feitos exames complementares para exclusão de outras causas, como alterações na acuidade auditiva, lesão no ouvido interno como na cóclea ou nervo auditivo. Todos esses exames são para exclusão de outras causas”, falou.
A médica destacou que não existe cura para a síndrome e que a sensibilidade exagerada a alguns sons está relacionada à atividade anormal no sistema nervoso central e em alguns casos podem ser associados medicamentos para controle de doenças associadas como transtorno de ansiedade, depressão e transtorno obsessivo – compulsivo (TOC).
Bianca Corrêa afirma que algumas mudanças no estilo de vida podem ajudar as pessoas que enfrentam a misofonia.
“Mudanças no estilo de vida como uso de tampões de ouvido e truques como acrescentar outros ruídos no ambiente a fim de disfarçar os sons irritantes podem ser usados. Outra questão também importante e fundamental é investir em atividade física e melhorar a qualidade do sono”, disse