A campanha Fevereiro Laranja, tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a leucemia e a importância da doação de medula óssea. No mês de fevereiro, a divulgação de informações sobre a doença é reforçada por meio da campanha que é tão importante.
A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos, geralmente, de origem desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais. A doença atinge diretamente os leucócitos, que são os glóbulos brancos responsáveis pela defesa do organismo. Dividida em dois grupos, tem o transplante de medula óssea como uma das modalidades de tratamento.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no período de 2020 a 2022, a previsão do diagnóstico no Brasil chegaria a mais de 10 mil casos de leucemia.
O médico hematologista Dr José Alfreu Soares Júnior, que atua como coordenador da Hematologia do Hospital Oncovida, ressaltou a relevância da campanha tanto para alertar sobre possíveis sintomas, quanto para tratar da prevenção.
“Esta associação de cores aos meses sem dúvida é uma importante ferramenta para conscientizar a população, abertura de debates, educar a população e encorajar o diagnóstico precoce […] Também é importante sim falar da doação de medula óssea. A educação através de campanhas contribui para o aumento da doação e consequentemente da cura”, explicou.
Apesar de ser uma doença em muitos silenciosa, o médico ressalta que alguns sinais podem ser observados.
“Pode iniciar insidiosamente com a sensação de fraqueza e palidez pela anemia, infecções de repetição devido função prejudicada dos glóbulos brancos, sangramentos e manchas arroxeadas pelo corpo pela diminuição das plaquetas. Alguns casos podem apresentar aumento de gânglios linfáticos pelo corpo, perda de peso inexplicada, aumento do baço que manifesta pelo aumento do volume abdominal e sensação de plenitude após as refeições. Entretanto, em muitos casos a pessoa pode não apresentar nenhum sintoma e a suspeita surgir por um hemograma de rotina”, disse o hematologista José Alfreu.
O médico destaca como é realizado o diagnóstico definitivo da leucemia.
“Existem vários tipos de leucemias com peculiaridades para o diagnóstico. De forma geral o diagnóstico é dado pelo hemograma em conjunto com exames de propedêutica de medula óssea que inclui mielograma, biologia molecular, citogenética e imunofenotipagem por citometria de fluxo”, destacou.
O hematologista enfatiza que o tratamento depende do teor da gravidade e tipo da doença.
“A depender do tipo de leucemia crônica nem sempre irá requerer um tratamento inicial e pode ser acompanhado. Nos últimos anos ocorreram importantes avanços no tratamento das leucemias, particularmente das leucemias crônicas, onde muitos casos podem lançar mão de comprimidos de uso contínuo e controlar a doença semelhante à hipertensão arterial ou diabetes, alcançando um tempo de vida semelhante à população geral”, destacou.
“Por outro lado, as leucemias agudas na grande maioria dos casos ainda requerem tratamentos com quimioterapia intensa em regime de internação e o transplante de medula óssea”, completa o profissional.
O transplante de medula óssea é indicado em alguns casos. O doutor José Alfreu Soares Júnior, relata que para a maioria dos casos de leucemia aguda e raramente nas leucemias crônicas é indicado “quando ocorre a falha ao tratamento padrão com medicação oral. Entretanto, a decisão leva em consideração vários fatores como idade do paciente, comorbidades, grau de compatibilidade do doador”, disse.
Superação
Luzia Fernandes Pessoa, de 27 anos, descobriu que enfrentaria a leucemia, em dezembro, de 2021. Desde lá, passou por um doloroso processo de quimioterapia, porém a jovem segue superando os obstáculos. Luzia Fernandes, destacou como descobriu o diagnostico.
“Eu estava há 5 meses passando mal, sentindo dores muito fortes no quadril e nas costas. Os exames de sangue estavam todos normais, mas descobri um infiltração medular no quadril através de uma ressonância. Passei por duas cirurgias para biopsia no quadril que não tiveram nenhum diagnóstico, porém dois dias após a última cirurgia passei mal e precisei ser internada, e assim veio o diagnóstico da leucemia mieloide aguda T3,”, disse.
A jovem destacou como foi o processo da doença. Segundo Luzia, foram mais de vinte sessões de quimioterapia.
“O processo de quimioterapia foi bem sofrido e doloroso. Foram realizadas quatro etapas de quimioterapia, sendo no total, mais de 20 sessões. Após todas as etapas eu sempre ficava vários dias internada […] Eu não conseguia me alimentar e devido a baixa imunidade era mais fácil desenvolver outros problemas de saúde e também infecção.”, disse.
Luzia Pessoa relatou que sua história é de superação. A mulher, de apenas 27 anos, consegue hoje, viver uma vida normal, mesmo com um ano e meio de tratamento que ainda precisa fazer.
“Agora estou no processo de manutenção do tratamento. Ainda tenho mais um ano e meio de tratamento pela frente. O tratamento é mais leve e a vida voltou praticamente ao normal”, completou.