Coluna: a inimiga de Deus e a fé que nos impulsiona

Pode ser que quando nos deparamos com algumas pessoas, tenhamos certo preconceito de quem elas possam ser, e fiquemos incomodados ou intimidados. Isso pode se dar primeiramente pelo que vemos, ou seja, pelo tom de sua voz, pela forma de se dirigirem aos outros, pelas palavras que se utilizam para se interagir com o ambiente.

Contudo há que se considerar outros aspectos, igualmente relevantes para não cairmos em total equívoco. De certo é que não somos uma ilha em nós! E em cada ambiente que transitamos, fazemos leituras diversas, ainda que de forma inconsciente, para podermos compreender como devemos ou podemos nos desenvolver ali. É como um romper de um casulo! Para o escritor sueco, August Strindbeg, “no fundo, é isso, a solidão: envolvermo-nos no casulo da nossa alma, fazermo-nos crisálida e aguardarmos a metamorfose, porque ela acaba sempre por chegar”.

É preciso se esforçar, individualmente e continuamente para ultrapassarmos certos níveis de invólucros para podermos nos estabelecer. Ocorre que nos fazemos também nas ações e respostas que emitimos aos outros. Por isso é que devemos ser cuidadosos no agir a todo instante para que nossas decisões e feitos sejam de bom grado e de bom coração aos que nos recebem.

Há um provérbio árabe que nos instrui que “o maior erro do ser humano é agir com pressa antes do tempo e com lentidão ante a oportunidade”. Gosto de dizer que a pressa é inimiga da perfeição e adiantar-se em momento inapropriado é se colocar como inimigo de Deus, pois somente Ele é a perfeição. O fato é que o que importa definitivamente é fazer tudo com amor. Pois se colocamos amor em nossas ações, a ideia de valor e de cuidado é suplantada. E com esse entendimento podemos nos transformar e envolver o que estar ao redor.

E o que buscamos nesse contexto é compreender que não devemos abrir espaço para que a mesquinhez faça ninho em nossa vida! Tal substantivo quando incorporado em nós, nos empobrece, nos vulnerabiliza e pode nos encerrar a vida pouco a pouco e sem que percebamos. Quando nos estabelecemos de coração e de bom grado e colocamos isso diante da vida, dela também receberemos muito mais de bom grado e com bom coração.

“E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens”, é o que nos ensina a palavra milenar sagrada, em Colossenses, 3-23. Por conseguinte, não é preciso conhecer tudo e a todos para somente depois se permitir realizar. O ativista americano, Martin Luther king, nos assevera que “não é preciso conhecer toda a escada para dar o primeiro passo”. Na verdade é muito mais rico agirmos com o direcionamento fecundo da fé.

A parte mais importante do progresso é o desejo de progredir, nos assevera também o pensador romano, Sêneca. Por isso, vamos ao encontro do nosso intento, gradativamente, sem “pretensão”, mas com ousadia e destemor para alcançarmos o mais que ainda nos falta, mas que já sabemos que nos pertence.

(*) Capitão PM – Comandante da 210ª Cia/10º BPM, escritor e Gestor Público.