Caso Alexandre Braga: amigo e mais quatro suspeitos são indiciados pela morte do advogado

Foto: Redes Sociais

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu, nessa terça-feira (17), em Montes Claros, um inquérito policial instaurado, que apurou o crime de homicídio contra o advogado Alexandre Mauro Barra, de 34 anos.

O advogado estava desaparecido desde o último dia 13 de dezembro de 2022, mas foi encontrado enterrado nos fundos de uma casa, na divisa do Bairro Independência com Santos Dumont, no dia 19 de dezembro.

De acordo com a delegada Dra. Francielle Drumond, cinco autores foram indiciados por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, por ter empregado um meio cruel na execução, emboscada e pela impossibilidade de defesa da vítima.

Segundo a delegada, todos os envolvidos estão presos temporariamente e serão representados pela conversão da prisão temporária pela preventiva. Três deles foram indiciados ainda pela ocultação do cadáver e, outro, pelo crime de furto.

Foto: Maurício Lucco

Em coletiva na manhã desta quarta-feira (18), Dra. Francielle Drumond destacou que a motivação do crime estaria relacionada à agiotagem, (quando oferece empréstimos com taxas de juros extremamente altas, com termos estritos de cobrança em caso de falha e geralmente operada fora de autoridade local.)

Um dos autores, amigo da vítima, de 35 anos, intermediava os empréstimos com juros abusivos a outras pessoas. A delegada informou que ele pegava com a vítima o dinheiro a juros de 10% a 20%, e repassava a outras pessoas com juros maiores, de 40%.

Segundo a PC, o crime foi premeditado e, devidamente, planejado. Conforme as investigações, uma tentativa para matar Alexandre Mauro Barra já havia acontecido dois meses antes do crime, porém sem sucesso.

As investigações da polícia, no entanto, apontam que este amigo próximo do advogado arquitetou e influenciou todos os envolvidos que deviam valores altos para a vítima a participarem do crime, com a justificativa de que iria diminuir a dívida ou abater juros.

Dinâmica do Crime

Foto: Circulação

A delegada esclareceu que a Polícia Civil apurou que a morte do advogado ocorreu na data do do desaparecimento.

De acordo com informações, ele teria sido atraído por um dos suspeitos, o amigo, até a residência de um dos envolvidos. No local, ambos foram rendidos sob ameaças com uma arma de fogo por outros dois autores que os aguardavam.

O advogado e o amigo foram colocados de joelhos, amordaçados e encapuzados. A partir desse momento, o colega foi desamarrado, passando a auxiliar os comparsas na execução do crime contra a vítima.

Ainda consoante a informação da PC, a vítima morreu por enforcamento com um cinto no pescoço. As informações periciais preliminares deram conta de um traumatismo craniano, sendo provado após a morte, quando a vítima teve o corpo arrastado pelas escadas da casa, onde foi morto.

O corpo do advogado foi trasladado do imóvel onde ocorreu o crime para outro imóvel onde seu corpo foi enterrado e oculto sob concreto.

 

Envolvidos no crime

Foto: Maurício Lucco

Durante a coletiva, a delegada destacou que  a Polícia Civil (PC) concluiu que não havia uma ligação direta entre o advogado e os autores, a não ser o amigo. A polícia apurou, ainda, ao longo das investigações que este amigo construiu uma imagem negativa do advogado Alexandre Barra para os outros autores.

Segundo a PC, um dia antes do crime, os suspeitos fizeram uma reunião próximo ao bairro Independência para planejar os últimos detalhes do crime.

A delegada Dra. Francielle Drumond destacou que “MP”, 28 anos, era dono da casa onde Alexandre Mauro Barra foi enterrado.  A PC informou, inclusive, que ele não estava no momento da execução, mas sabia que a função era ceder a casa para o corpo ser enterrado.

Ainda de acordo com informações da polícia, ele devia cerca de R$ 35 mil, porém foi prometido uma abatimento da dívida, caso ele emprestasse a casa. Outro envolvido é o “J”, de 28 anos. Ele é o motorista de aplicativo que sofreu uma tentativa de homicídio  na zona rural de Montes Claros. Sobre o crime, a delegada destacou que, para os outros autores ele era considerado mais “fraco”, assim poderia entregar os demais. O homem pegou R$ 3,5mil, mas devia R$ 40mil

O terceiro envolvido era “T”, de 27 anos. De acordo com as investigações, ele ajudou na imobilização da vítima. O homem não devia nenhum dinheiro à vítima, mas ficou acordado que ele ficaria com o valor da conta bancaria e o carro. Este homem tentou desbloquear o aplicativo bancário para subtrair uma quantia de R$ 400 mil , mas não conseguiu.

Ele também ficaria com o dinheiro da venda do veículo do advogado, que seria vendido para um desmanche, mas não foi possível por algum desacerto de valores. O carro foi  abandonado em um motel, em Contagem-MG.  Para não ficar no prejuízo, este homem subtraiu as jóias do advogado no dia do crime.

O quarto envolvido era “F”, de 35 anos, amigo pessoal da vítima. Ele é apontado como o que arquitetou o crime.

O quinto é o suspeito “E”, de 28 anos. Ele devia aproximadamente R$ 200 mil. Segundo as investigações, ele era o dono da casa onde o advogado foi morto. A delegada informou que ele ajudou na execução e conduziu o veículo até a cidade de Contagem, em Belo Horizonte. Ele estava foragido na cidade de Uberlândia e foi preso em 30 de dezembro.

 

 

(Texto com colaboração de Gian Marlon , Maurício Lucco e Rodrigo Barbosa)

Rodrigo Barbosa
Jornalista de formação pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas - Funorte, em 2018. Natural de Montes Claros-MG, tem passagens por assessoria de comunicação, portais de notícias e redações de jornais, sendo impresso e online.