Sal da Terra: união, democracia e paz para o Brasil

Vale lembrar que em 2023 celebramos 5 anos de lançamento do meu livro: A vila dos contadores de historias.

Um escritor sempre se diz um mediador, alguém que coloca em diálogo com os diversos mundos que existem.

Esta tem sido a minha tarefa há muitos anos.

Quando lancei meu primeiro livro: Os mil tons da história, um dos mais importantes da literatura Salinense, narrava um Brasil livre e independente, com a experiência de um brasileiro que escapou ainda criança com alguns arranhões do regime militar que se tinha instalado à força em 1964.

Esse país que eu descrevo no livro era um lugar de afeto e harmonia que tornou, desde 1964, governado pelo ódio, pelo medo e pela violência.

Neste livro falo também dos brasileiros que buscaram refúgio político em vários países do mundo, eram pessoas tão generosas, solidárias e afáveis e era difícil aceitar que a maior parte deles tivessem sido perseguidos, presos e torturados.

Com meu outro livro: A vila dos contadores de historias continuei a travessia pelo Brasil, depois da democracia ter sido reinstalada.

Nesta travessia houve um sonho, com a paixão pela terra brasileira não me deixou ver os estragos e a herança da ditadura.

Sempre existia uma cortina bloqueando esta visão, talvez pela doçura e afabilidade de escritor, pois havia uma outra dimensão, herança do Brasil colônia.

Logo depois me surpreendi pelo fato de os brasileiros terem elegido para presidente um homem que declara sentir saudades da ditadura e que celebra como referência moral um torturador no regime militar.

Um presidente que substituiu o diálogo pela ameaça das armas e que manifesta a maior indiferença perante a morte e o sofrimento dos seus compatriotas.

Houve, admito, um Brasil que foi mais sonho do que realidade. Mas este de hoje é um pesadelo bem real.

O meu maior desejo é que os brasileiros superem de vez e para sempre esta sua passagem pelo umbral, com atos criminosos de 8 de janeiro de 2023, e unam em torno da democracia e da paz, fortalecendo-as.

Imagem: Internet/Ilustrativa

O Brasil que ganhou o respeito do mundo voltou a ser governado pela democracia e representado senão por pessoas que celebram a vida e que defende o tesouro maior da nação brasileira: a democracia e a infinita diversidade do seu passado e pluralidade do seu presente, caminha para ser celeiro do mundo.

Não é apenas um desejo pessoal. É uma certeza: você vai-se levantar, vai sacudir a poeira e vai dar a volta por cima, após esses atos criminosos do dia 8 de janeiro de 2023.

Somos mais de 220 milhões de brasileiros.

Não podemos aceitar que uma minoria de mal-intencionados ataquem democracia brasileira.

Agora é a hora da união de todos aqueles que defendem verdadeiramente as bases, os pilares da democracia, independentemente de qual partido político a pessoa seja, independentemente de qual Estado da Federação, se foi eleito ou se perdeu a eleição.

Agora é a hora de uma grande união nacional.