Ativismo político também faz com futebol

Rafael Reis
29/11/2020 04h00

Há quem diga que futebol e política não se misturam.

Essa ideia talvez esteja ligada à percepção de que a maioria dos atletas importantes do esporte mais popular do planeta raramente deixa a bolha onde vive para tratar de temas que não são específicos da modalidade.

Mas há exceções, e elas não são tão poucas assim.

Vários nomes relevantes dos gramados costumam sim se posicionar sobre questões que afligem as pessoas.

E alguns deles até mergulham no ativismo para tentar realizar transformações sociais

Olinião de Perrone
23/10/2022.

“É importante para todo país que seus ídolos se posicionem politicamente. Porém, é preciso não confundir posicionamento eleitoral com político. Neymar e Richarlison, dois astros da seleção brasileira, simbolizam essa diferença.

Neymar mergulhou na campanha de Jair Bolsonaro à reeleição presidencial. Fez dancinha para pedir votos e no sábado (22) participou de uma live da campanha do atual presidente”

“Richarlison: as 5 causas sociais que o camisa 9 apoia fora dos campos
Por trás do bom humor, Richarlison sustenta um histórico de luta por justiça social e ambiental e é um dos únicos jogadores da Seleção que se posiciona politicamente”( https://www.correiobraziliense.com.br/).

No exterior destaco Gerard Piqué, no polêmico papel na questão Catalunha x Espanha.

Segundo Mia Couto: – política é um assunto tão sério que não pode ser deixado só nas mãos dos políticos.

Temos de reinventar uma maneira de fazer política, porque isso afeta a nós todos.
Eu hoje como ele, faço isso pela via da escrita, da literatura, da poesia, já que me mantenho escritor e colaboro com o portal @wrbterra.

Também faço intervenções como visitar lugares onde as pessoas não recebem meu tipo de mensagem. Essa é a minha militância.

Atualmente, mantenho uma distância dos partidos, onde militei por muito tempo.

Para mim, a proximidade entre o discurso e a prática do partido se distanciaram, mas afirmo não haver ressentimento ou sensação de traição, pois considero que esse fenômeno se reproduz em todo o mundo.

Disse Mia- Fazer política hoje exige grande criatividade, temos de saltar fora de modelos, pois o modelo de fazer política faliu.

Então é preciso reinventar, ter imaginação.

Para ter imaginação é preciso sair fora dos padrões que vemos, sem escalar Richarlisson na esquerda e Neymar na direita.

Por tudo isso muitos já não acreditam em política: querem exemplo.

Percebo que está em jogo no Brasil é a defesa da própria ideia de humanidade.

A maioria das pessoas da esquerda e da direita de bom senso estão sem chão.

O mais razoável seria aceitarmos essa condição comum de um diálogo a partir do futebol, uma busca comum por novos rumos.

O que está em causa em todos nós é uma descrença profunda, uma incapacidade de criar sentido para a política e para o tempo que vivemos.

Muitas pessoas deixaram de acreditar em programas políticos: querem cuidados.

Elegem quem lhe oferece essa miragem de uma fortaleza com fronteiras seguras.

Não podemos abdicar da capacidade de pensar.