Preparar o solo para receber o novo ciclo de plantio. Essa é uma rotina que o produtor rural conhece bem e que faz toda a diferença no resultado final da sua produção. Para os produtores de pimenta de Matias Cardoso, Norte de Minas, esse preparo tem sido acompanhado de perto pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), que leva inovação metodológica e correções que auxiliam no melhor beneficiamento da terra.
O produtor rural Carlos Alexandre Ribeiro dos Santos é um dos assistidos que viu sua produção de pimenta tipo biquinho crescer e ganhar mais qualidade após adotar mudanças na hora de adubar as plantas. “Para nós, que plantávamos sem saber como as coisas funcionavam direito, sem saber o que poderíamos aplicar ou como identificar doenças das plantas, hoje temos mais técnica. Não tínhamos condições de pagar um técnico para este auxílio e a chegada do ATeG mudou tudo”, destaca Carlos Alexandre.
Na propriedade dele foi aplicada uma técnica com uso de microrganismos benéficos, que são produzidos pelo próprio produtor rural por meio de um composto feito de arroz cozido. A mistura é enterrada na terra, em mata fechada, por cerca de 15 dias, como explica a técnica de campo Jaciara Soares Freitas, que instruiu Carlos Alexandre para a utilização do método. “Foi uma sugestão para reduzir o uso de adubos químicos. Uma vez enterrado, este composto de arroz é polinizado de fungos. Retiramos aqueles microrganismos benéficos para uso na adubação da planta da pimenta aplicando direto nas folhas ou solo, na fase inicial do plantio ou no meio do ciclo de crescimento”.
Benefícios
Os benefícios do uso deste método são diversos. No caso do solo, os microrganismos benéficos ajudam a recompor a microbiota saudável (parte fundamental do ecossistema que permite que as plantas cresçam de forma saudável); estimula a emergência de plantas; e facilita a decomposição de matéria orgânica. Atua na melhoria do metabolismo diretamente nas plantas; ativa o crescimento radicular; e aumenta a germinação, florescimento e frutificação, entre outros.
“A pimenta gera muito fungo maléfico e bactérias. Com esse método, estamos auxiliando de diversas formas a produção, como na simbiose, conjunto de condições para desenvolvimento da raiz; reduzindo adubos químicos, o que torna a planta ainda mais saudável. Como resultado temos um legume com aspecto diferente, de maior tamanho, por exemplo. Isso agrega valor diretamente ao produto na hora da comercialização”, completa Jaciara Soares.
As aplicações começaram neste ano, e são repostas a cada 30 e 60 dias. O produtor Carlos Alexandre foi um dos olericultores do grupo de ATeG que demonstrou interesse em fazer a substituição do composto para adubação. Ele se alegra em ver que as novas soluções apresentadas pela técnica seguem dando retorno. “Foi muito diferente e me surpreendi com o impacto desse método. A técnica de campo explicou como fazer o composto e como pegar os microrganismos. Eu já vi melhora, esse tipo de ação dá mais ânimo para continuarmos na atividade. Tem sido um crescimento grande desde o início dos atendimentos do ATeG. Hoje aplico os manejos de forma correta, garantindo mais qualidade. Antes, algumas ações incorretas queimavam as folhas e eu perdia plantios”, lembra o produtor.
Apesar de ser uma pequena propriedade, e ainda associada a outras atividades rurais, a pimenta tem ganhado destaque no dia a dia de Carlos Alexandre. São cerca de 3 mil plantas, que geram entre 700 a 800 kg de pimentas por mês. “A fonte de renda toda que eu tenho vem da propriedade. E a pimenta chegou como um importante acréscimo na renda. Trabalhar para a gente é melhor do que para os outros. Em média, tiro R$ 2.000,00 de renda por mês, sendo que a pimenta significa uma boa parcela deste rendimento”, comemora o produtor rural.