A pandemia da Covid-19 teve impacto negativo na educação brasileira. Dados divulgados nesta sexta-feira (16/9) pelo Ministério da Educação apontam que, em 2021, alunos dos ensinos fundamental e médio tiveram queda na aprendizagem em português e matemática.
De acordo com Clara Machado, servidora do Inep responsável pelo Saeb, “houve uma perda maior nos anos iniciais e finais do ensino fundamental. E essas perdas foram mais acentuadas na área de matemática”.
Ensino fundamental
O levantamento deste ano mostra que, entre os estudantes do 2º ano do ensino fundamental, por exemplo, o índice de proficiência em língua portuguesa passou de 750, em 2019 (último ano em que a pesquisa foi feita, devido à pandemia), para 725.5 no ano passado.
Os dados ainda revelam que a porcentagem de crianças do 2º ano do ensino fundamental que ainda não sabem ler e escrever nem mesmo palavras isoladas (como “mesa” e “vovô”) mais do que dobrou, de 2019 a 2021.
O índice subiu de 15% para 34% nesses dois anos – justamente quando as aulas presenciais foram suspensas por causa da pandemia de Covid-19. As edições anteriores do exame ainda não contemplavam essa faixa etária.
São dados que indicam um atraso pedagógico, já que, desde 2019, a Política Nacional de Alfabetização estipula que o processo de aprendizagem da leitura e da escrita deve acontecer no 1º ano do ensino fundamental, quando os estudantes têm, em média, 6 anos.
Já em relação aos alunos do 5º ano, o número saiu de 215 para 208 – mesmo índice identificado seis anos atrás. Entre os alunos do 9º ano, o índice ficou em 258, com queda de dois pontos em comparação a 2019.
Quando analisados os dados de proficiência em matemática, também houve queda. Para os alunos do 2º ano, o índice caiu de 750, em 2019, para 741 no ano passado.
Entre os estudantes do 5º ano, o nível foi de 228, em 2019, para 217 no ano passado. Para os alunos do 9º ano, o índice saiu de 263 para 256, chegando ao nível de 2015.
Ensino médio
Entre os estudantes do ensino médio, o nível de proficiência em matemática ficou em 270, número semelhante às taxas apuradas em 2013 e 2017. Em relação a 2019, ano da realização da última pesquisa, a redução foi de sete pontos.
Também houve queda nos níveis de aprendizagem em língua portuguesa para os alunos do ensino médio. O dado ficou em 275, ante 278 em 2019.
Impactos da pandemia
O estudo também mostra que a crise sanitária alterou o modelo educacional da maior parte das escolas brasileiras. Segundo a pesquisa, 92% das instituições de ensino adotaram estratégia de medição remota ou híbrida em 2021.
Além disso, 8,9% das escolas de educação básica ajustaram a data de término do ano letivo em 2021. Outras 72,3% recorreram à reorganização curricular com priorização de habilidades e conteúdo. Em 2020, o número foi de 67,1%.
A pesquisa foi realizada em 72 mil escolas públicas e privadas, e respondida por aproximadamente 5,3 milhões de estudantes.
O estudo aplica testes e questionários com secretários municipais de educação, diretores, professores e estudantes. Os alunos respondem a questões sobre língua portuguesa, matemática, ciências da natureza e ciências humanas.
[Com informações de Metrópoles]