Campanha “Setembro Dourado” visa conscientizar população sobre o câncer infantojuvenil

O mês de setembro é marcado pela campanha “Setembro Dourado”, período para intensificar o alerta para as famílias e profissionais de saúde sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento do câncer infantojuvenil.
De acordo com a oncopediatra da Fundação Sara, Sabrina Eleutério, as neoplasias mais comuns na infância são, em primeiro lugar, as Leucemias. Outros tipos de tumores como os linfomas, os tumores sólidos do encéfalo, os neuroblastomas e os tumores renais, como o de Wilms, também são frequentes nessa faixa etária.
Para que o diagnóstico seja precoce e, consequentemente, as chances de cura sejam maiores, é preciso redobrar a atenção para alguns sinais e sintomas que persistem, como exemplifica a especialista.
“Febre, manchas roxas pelo corpo que não estão associadas a traumas, dores de cabeça, crescimento de linfonodos (ínguas) não associados a um quadro inflamatório ou infeccioso, dores ósseas e dor abdominal junto ao aumento de volume do abdome são alguns dos sinais que geram alerta”, informa Sabrina.
Sintomas como esses são bem comuns em várias doenças da infância, o que gera uma grande dificuldade de rastreamento das neoplasias. Portanto, o acompanhamento pediátrico de rotina é essencial para que a criança seja referenciada a uma avaliação e tratamento imediato, aumentando assim suas chances de cura.
Sabrina Eleutério também explica que ter acesso a uma equipe multidisciplinar é essencial para o cuidado geral do paciente durante o tratamento. Ela explica que a Fundação Sara oferece essa rede de apoio.
“A Fundação Sara atua mesmo antes do câncer entrar em cena. Um dos 11 programas da instituição é o ‘Conhecimentos que Curam’, que capacita profissionais da saúde e público em geral para estarem alertas aos sinais e sintomas do câncer infantojuvenil, afinal, diagnóstico precoce, associado a tratamento em centros especializados representam mais de 80% das chances de cura”, enfatiza a médica.
Além disso, a Fundação Sara oferece toda a estrutura da casa de apoio para que as famílias possam ficar pelo tempo que for necessário em Montes Claros ou Belo Horizonte durante o tratamento. Para saber mais sobre o trabalho da instituição acesse www.fundacaosara.org.br.
No Brasil, quando o motivo é doença, o câncer infantojuvenil é considerado a primeira causa de óbito na faixa etária de zero a 19 anos. Em países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), as chances de sobrevida chegam a 85%, enquanto no território brasileiro esse índice alcança a média de 60%, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Com a finalidade de conscientizar a população, além de autoridades municipais, estaduais e federais sobre a importância do diagnóstico precoce mediante a percepção dos principais sinais e sintomas, a Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (CONIACC) lançou este ano a campanha “O Câncer Infantojuvenil Existe de Verdade”.
A campanha de caráter nacional e com o apoio nas redes sociais do Voluntariado do Banco do Brasil, utiliza personagens do imaginário infantil para mostrar a realidade dura e silenciosa da doença. De forma lúdica, a girafa motorista, o elefante cor de rosa e a zebra voadora passeiam por cenários urbanos, misturando-se ao cotidiano de pessoas comuns na tentativa de romper o preconceito e a negação existentes em torno do câncer infantojuvenil.
“Diferente do adulto, raramente são detectados, no paciente infantojuvenil, fatores externos que estejam vinculados ao surgimento da doença. A sua origem está, na maioria das vezes, em células responsáveis pela formação dos diversos tecidos da criança na vida intrauterina. Como essas células têm alto grau de replicação, o câncer proveniente delas costuma ser mais agressivo e de evolução rápida. Porém, também responde melhor ao tratamento quimioterápico convencional, tendo maior chance de cura”, adverte a médica especialista em Hematologia e Oncologia, Teresa Cristina Cardoso Fonseca, que também preside a CONIACC.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima o surgimento de cerca de 403 mil novos casos de câncer em crianças e adolescentes, anualmente, e a cada três minutos uma criança morre vitimada pela doença. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer contabilizou 12,5 mil novos casos por ano, somente entre o biênio 2018-2019, e de acordo com estimativas, em torno de 3,8 mil crianças não conseguem sequer chegar ao tratamento, anualmente.