O caso que serviu para produção desta matéria faz parte da minha história. Eu, Jonas Henrique, repórter do Webterra, e neto de Zé Pipoqueiro, peço licença aos leitores.
Em um dia de 2009, José Gomes dos Santos, então com 78 anos, saiu para dar uma de suas habituais caminhadas por Salinas, conhecida como Capital da Cachaça. Sua família não imaginava que aquela seria a última vez que o patriarca seria visto.
“Ele costumava andar pela cidade, dizia que iria visitar parentes, mas sempre voltava para casa. Já aconteceu dele ficar sumido alguns dias, mas sempre encontrava o caminho de casa”, relata Carlos Martins, um dos sete filhos de José, ou Zé Pipoqueiro, como ele é conhecido na cidade.
Essa angústia vivenciada pela família Martins, infelizmente, não é um caso isolado. O Brasil registrou, em 2021, 65.225 casos de pessoas desaparecidas, um aumento de 3,2% em relação a 2020, segundo dados do 16ª Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A taxa é de 30,7 por 100 mil habitantes. Nos últimos cinco anos, ao menos 369.737 registros de pessoas desaparecidas foram feitos no Brasil, uma média de 203 casos diários.
Segundo a Polícia Civil, em Minas Gerais, o número de idosos desaparecidos em 2021 chegou a 520, 30% a mais que em 2020, onde foram contabilizados 489 casos. Zé Pipoqueiro não entra nessa estatística, pois o seu desaparecimento foi há anos. Mas a angústia vivenciada é a mesma.
“Fizemos de tudo na época. Fomos aos jornais, rádios, espalhamos cartazes pela cidade, mas, infelizmente, não tivemos mais notícias dele”, lamenta Bianca Martins, neta de José´.
Mas, para a família, o passar dos dias não é condição para que a esperança acabe.
“Por mais que o tempo passe, ainda resta a esperança de que ele esteja bem e que vai voltar, afinal, para Deus nada é impossível. Também tenho um irmão que desapareceu nos anos 1970, o Joviano. Devemos nos apegar a fé e acreditar que tudo vai dar certo”, diz Cida Martins, sobrinha de José.
Como ajudar
A Polícia Civil de Minas Gerais lista atitudes que devem ser tomadas em casos de desaparecimento e também orienta como previnir essa situação.
– Observar o comportamento de novos vizinhos em relação ao tratamento dispensado aos menores que com eles convivem, comunicando à Polícia qualquer fato suspeito;
– Observar, em via pública, o trânsito de menores desacompanhados, idosos e portadores de necessidades especiais, caso apresentem desorientação, possibilidade de extravio ou mesmo dificuldade de expressão, comunique o fato à Polícia para que prestem a devida assistência antes que ocorra o seu paradeiro. O ideal é que você possa levar a pessoa até o posto policial mais próximo;
– Comunicar e registrar o desaparecimento do menor ou do adulto imediatamente após constatada a sua ausência, na Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida. Deve-se apresentar fotografia e documentação do ausente, caso existente, para início da busca. Para o menor, é necessária a apresentação da cópia da certidão de nascimento. No entanto, a ausência do documento não impede o registro e a busca.
Medidas adotadas para se evitar o desaparecimento
ORIENTAÇÕES AOS PAIS
– Orientar os filhos a não aceitarem doces, presentes, ou qualquer outro objeto de estranhos, podendo aceitá-los de conhecidos e parentes, somente com prévio consentimento dos responsáveis;
– Manter bom relacionamento com a vizinhança;
– Procurar conhecer as pessoas que convivem com seu filho.Participar ativamente dos eventos envolvendo o seu filho, como aqueles ocorridos em escolas e aniversários;
– Ensinar ao seu filho o seu nome completo, endereço e telefone e os nomes dos pais e irmãos;
– Não autorizar o seu filho a brincar na rua sem a supervisão de um adulto conhecido;
– Evite deixar o seu filho em casa sozinho;
– Providenciar a carteira de identidade do seu filho, através do Instituto de Identificação.
Serviço
Se você informações sobre pessoas desaparecidas, ligue 0800-2828-197
Para cadastro, acesso a casos e mais informações, acesse https://desaparecidos.policiacivil.mg.gov.br/