Trinta e sete municípios que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS) começaram segunda-feira, 1º de agosto, a realização da campanha de vacinação antirrábica. Neste ano a previsão é de que em 54 municípios sejam vacinados cerca de 240 mil cães e gatos.
Para a realização da campanha a Superintendência Regional de Saúde repassou mais de 212,5 mil doses de vacinas aos municípios. Assim como nos anos anteriores, o quantitativo teve acréscimo de 5% em relação a 2021. Nas próximas semanas outras 35 mil 145 doses serão entregues às secretarias de saúde de Montes Claros, Janaúba, Francisco Sá e Bocaiúva para complemento do quantitativo necessário para aplicação nos animais.
Os municípios que neste ano estão recebendo maior quantidade de vacinas são: Montes Claros (55 mil doses); Bocaiúva (13 mil 645); Janaúba (12 mil 750); Francisco Sá (11 mil 500); Rio Pardo de Minas (9 mil 125); Porteirinha (8 mil 625); Jaíba (8 mil 500) e Espinosa (7 mil 500).
Ildeni Meireles, referência técnica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da SRS de Montes Claros explica que neste sábado, 6, a campanha de vacinação será iniciada em Francisco Sá. Já segunda-feira, dia 8, mais nove municípios vão iniciar a vacinação antirrábica: Capitão Enéas; Catuti; Cristália; Fruta de Leite; Guaraciama; Indaiabira; Josenópolis; Vargem Grande do Rio Pardo e Verdelândia.
Em Montes Claros, maior município do Norte de Minas, a campanha de vacinação será realizada entre 14 e 28 de agosto. A meta é vacinar todos os cães e gatos, num prazo de 45 dias, a partir do início da campanha em cada localidade.
A DOENÇA
A coordenadora de vigilância em saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes explica que a raiva é uma doença infecciosa viral aguda que acomete mamíferos, inclusive o homem. Se caracteriza como uma encefalite progressiva com letalidade de aproximadamente 100%.
“Trata-se de uma doença passível de eliminação no seu ciclo urbano pela vacinação de cães e gatos, além da existência de medidas eficientes de prevenção, como a imunização humana; a disponibilização de soro antirrábico humano e a realização de bloqueios de foco”, observa a coordenadora.
A doença é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura. A doença também pode ser transmitida pela arranhadura ou lambedura desses animais, incluindo morcegos.
O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças. Nos cães e gatos a eliminação de vírus pela saliva ocorre de dois a cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte do animal acontece, em média, entre cinco e sete dias após a apresentação dos sintomas.
Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os morcegos podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.
SINTOMAS
Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram em média de dois a dez dias. Nesse período, o paciente apresenta mal-estar geral; pequeno aumento de temperatura; anorexia; cefaleia; náuseas; dor de garganta; entorpecimento; irritabilidade; inquietude e sensação de angústia.
Podem ocorrer inchaço, aumento da sensibilidade ao tato ou à dor, frio, calor, formigamento, agulhadas, adormecimento ou pressão no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura e alterações de comportamento.A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas, como: ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes; febre; delírios; espasmos musculares involuntários, generalizados ou convulsões.
Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorreia intensa (“hidrofobia”). Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia e fotofobia.
O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de dois a sete dias.
TRATAMENTO
A confirmação laboratorial em vida, ou seja, o diagnóstico dos casos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical.A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica.
A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição ao vírus. Quando a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos. Entretanto, é importante salientar que nem todos os pacientes de raiva, mesmo submetidos ao protocolo sobrevivem.