Júnior Shock seguia para Porto Seguro-BA e pilotava a moto numa estrada próximo a Salinas, no Norte de Minas, em setembro de de 2021, quando o inesperado aconteceu. Logo após ter passado pela cidade norte-mineira, na altura da BR-251, ele empenhou-se para ultrapassar uma carreta.
No momento em que tentou sair na lateral para olhar se havia a possibilidade de fazer a ultrapassagem, veio um carro no sentido contrário e o acertou em cheio. Shock teve uma fratura exposta no cotovelo, quebrou o quinto dedo da mão direita, ombro deslocado e precisou amputar a perna.
Ele foi internado e passou alguns dias se recuperando. Ainda no leito do Hospital Santa Casa, em Montes Claros, o fisiculturista criou forças. Tanto que, cerca de nove meses depois, retornou às competições de fisiculturismo. No último fim de semana, participou da categoria especial do Campeonato Mineiro IFBB e sagrou-se campeão.
“Indescritível. Nove meses atrás eu estava debilitado, crente na minha recuperação, mas sem perspectiva de retorno ao esporte. Porém, o que parecia um fim foi apenas uma vírgula. Estar novamente participando das competições e ganhando é Deus me falando que a última palavra é dEle”, agradeceu.
O Top 1 no Estadual deu a Júnior a oportunidade de disputar o Campeonato Brasileiro, que será realizado entre os dias 28 e 31 de Julho. “Estarei novamente na categoria especial, categoria criada para atletas amputados terem a oportunidade de se inserir no esporte. Serei o único atleta de toda Minas Gerais a representar o estado nessa categoria”, pontuou o atleta.
Entre os títulos conquistados, destaques para o bicampeonato Mineiro, bicampeão do Overall Mr. Minas, o 3º lugar no Arnold South América e o troféu de Campeão Panamericano.
Durante uma live gravada à epoca, o atleta descreveu como tudo aconteceu. Consciente a todo momento, preocupou-se em ver se havia lesões na cervical e toráx. “Foi muito rápido, pegou na lateral da minha moto, me arremessou, fui girando e vi que tinha uma carreta que vinha no sentindo contrário. O meu medo maior era ser atropelado. Graças a Deus o caminhoneiro conseguiu segurar o veículo a ponto de não deixar acontecer uma fatalidade”, explicou.
Ele acrescenta que permaneceu lúcido, precisou da ajuda de um motorista que estava no local para realizar técnica e conter hemorragias. “Não senti a minha perna esquerda, só a direita. Perguntei ao caminhoneiro que estava me ajudando como estava minha perna esquerda porque não estava sentindo. Senti muita dor e dormência. Ele falou, cara, seu pé ficou lá atrás. Levantei a cabeça e vi que a minha perna foi arrancada do joelho para baixo. Pedi ao motorista que fizesse um torniquete para eu não sangrar. Nunca senti uma dor tão grande como essa”, contou.
Após período de recuperação, Shock voltou a participar de um campeonato da modalidade e não viu adversidade que o impedia de competir. “Não percebi algo que pudesse ser um obstáculo intransponível”, finalizou.