Hoje (16) é o Dia Mundial da Voz, data que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da voz para a promoção da saúde, bem como informar sobre os sinais e sintomas que favoreçam o diagnóstico precoce de doenças como o câncer de laringe. Este ano, a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) promove a campanha anual Amigos da Voz com intuito de educar a população sobre os problemas mais comuns e principais medidas preventivas para manter a saúde vocal e, a partir dela, garantir todo potencial de comunicação.
Durante muitos anos, a nossa voz era tida como um meio de comunicação ou apenas instrumento de trabalho, hoje representa uma infinidade de possibilidades para aqueles que têm consciência do seu conteúdo e papel social. A ativista Malala Yousafzai afirmou: “Levanto a minha voz, não para que eu possa gritar, mas para que aqueles sem voz possam ser ouvidos. Não é possível prosperar quando metade das pessoas ficam para trás”.
Depois de sobreviver a um atentado, a ativista paquistanesa mais jovem laureada com o prêmio Nobel é uma incansável militante do direito das crianças – especialmente meninas – irem à escola. Além dela, outras importantes vozes, como as de Nelson Mandela, Martin Luther King, Maria da Penha e de outras personalidades ecoaram lutas coletivas e seguem vivas e potentes para transformar a realidade.
Quem assume seu lugar de fala no mundo conquista representatividade. Entender que além de um direito, esse lugar exige uma responsabilidade e luta por reconhecimento diante de reparações históricas. A busca pode ser sinônimo de inclusão, afetividade e emoção. Para o ator, diretor e roteirista Heraldo de Deus, 35 anos, a voz da avó norteou sua trajetória para uma carreira no mundo da arte. “Minha avó era uma grande contadora de histórias e, graças a isso, eu tomei gosto pela arte. Ela criava histórias, sempre com uma lição de moral e gostava de ler livros para depois fazer resenhas com os filhos e netos. A voz da minha avó foi uma grande motivação para hoje eu estar no lugar que ocupo, seja atuando, dirigindo ou escrevendo”, reconhece Heraldo, de forma saudosa.
Hoje atuando como representante de um movimento que trabalha pela inserção de pessoas negras no cenário cultural, Heraldo analisa sua potência como uma das muitas engrenagens necessárias para essa inclusão. “Sou um grãozinho de areia nesse mundo imenso mas, com o pouco que tenho e que consegui até hoje, pude fazer mudanças significativa. Eu vejo que a minha voz tem uma importância, principalmente quando olho toda a minha trajetória e enxergo onde cheguei. Mesmo não tendo condições de produzir tanto quanto queria, entendo a representatividade da minha voz neste cenário”, afirma o ator que participou de diversas produções brasileiras, uma delas o filme Tungstênio.
Com anos de experiência nos palcos, nos bastidores e em frente às câmeras, a emoção ainda é a mesma da primeira vez. E para que não atrapalhe seu desempenho vocal, Heraldo cuida das cordas vocais. “Eu evito beber água gelada, não consumo álcool, não fumo e tento, ao máximo, não agredir a minha voz falando alto demais ou gritando. Além disso, é importante desaquecer a voz ao final de cada apresentação”, explica o ator.
Importância de cuidar da voz
Usada como um dos principais instrumentos de comunicação interpessoal, a voz é nosso elo com o mundo e com as pessoas que interagimos. Através dela, passamos mensagens, na intensidade e tom adequados para que o entendimento seja assertivo.
“A voz é uma ferramenta muito poderosa de posicionamento na sociedade e reflete o espaço que as pessoas ocupam e como elas querem ser vistas. Tudo isso parte da forma como cada um expressa sua voz”, destaca Lívia Lima, coordenadora do departamento de voz da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa).
A especialista orienta que, para além dos cuidados já recomendados pelos fonoaudiólogos, como não gritar, evitar falar por longos período e com esforço, articular bem as palavras, é preciso ter cuidado também com o corpo. “Engana-se quem pensa que os cuidados devem ser exclusivos com a voz. É importante também olhar para o corpo de uma forma geral. Evitar alimentos que podem irritar o estômago e provocar refluxo, manter uma alimentação leve e balanceada, hidratar-se, ter boas horas de sono e praticar atividades físicas… Tudo isso favorece o organismo como um todo e melhora o condicionamento cardiorrespiratório”, sinaliza a fonoaudióloga.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil