Superintendência Regional de Saúde reforça a vigilância da Doença de Chagas em Minas Gerais

No Dia Mundial da Doença de Chagas, celebrado nessa quinta-feira, 14 de abril, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS) fez um balanço das ações que tem colocado em prática visando reduzir os casos notificados nos municípios que compõem a sua área de abrangência. A doença de Chagas é uma infecção causada […]

No Dia Mundial da Doença de Chagas, celebrado nessa quinta-feira, 14 de abril, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS) fez um balanço das ações que tem colocado em prática visando reduzir os casos notificados nos municípios que compõem a sua área de abrangência. A doença de Chagas é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitida pelo barbeiro. Apresenta uma fase aguda que pode passar despercebida, devido à ausência de sinais e sintomas, e uma fase crônica, que pode se manifestar nas formas indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva.

Dados das Coordenadorias de Vigilância Epidemiológica e de Saúde da SRS de Montes Claros dão conta de que o Sistema de Informações de Agravos de Notificação – (Sinan), mantido pelo Ministério da Saúde, contabiliza que entre 2020 e o início de 2022 a região teve 901 casos notificados de Chagas. Desse total, 899 casos são de Chagas crônica e 2 diagnósticos da doença na fase aguda.

No ano passado, o Sinan recebeu 565 notificações de pacientes diagnosticados com Chagas crônica e residentes na área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde. Outros dois casos são de pacientes com a doença na fase aguda.
Já em 2020 a região contabilizou 226 casos de Chagas crônica e, neste ano, já foram notificados 108 novos casos.


BUSCA ATIVA

As referências técnicas em doença de Chagas na SRS de Montes Claros, Nilce Almeida Lima Fagundes e Bartolomeu Teixeira Lopes explicam que entre 2021 e o primeiro trimestre deste ano foram realizadas visitas ativas em 39 municípios, visando identificar a existência de barbeiros no interior de residências. Só nos três primeiros meses deste ano o trabalho contemplou 15 municípios.

Além disso, aliado ao rastreio dos domicílios para detecção ou não da presença de barbeiros, entre 2020 e o início deste ano, a Superintendência Regional de Saúde repassou aos municípios 34 mil 280 comprimidos de Benzonidazol.
“Esse medicamento é considerado de primeira linha e é utilizado para o tratamento etiológico da doença de Chagas por apresentar melhor tolerância e causar menos efeitos colaterais nos pacientes”, explica Nilce Fagundes.

A Superintendência Regional de Saúde também tem trabalhado em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros – (Unimontes) por meio do Projeto SaMI-Trop. Em 2021 foram realizadas capacitações de profissionais da atenção primária à saúde e de vigilância em saúde nos municípios de Mato Verde, Monte Azul, Catuti e Mirabela.

Com a Fundação Oswaldo Cruz – (Fiocruz) a Superintendência Regional de Saúde também tem atuado na realização de palestras e implementação dos projetos Integra Chagas e Cuidar Chagas para a eliminação da transmissão congênita da doença (de mãe para filho durante a gestação). Os municípios já envolvidos nestas atividades foram Montes Claros, Janaúba e Espinosa.

Por outro lado, nos 54 municípios jurisdicionados à Superintendência Regional de Saúde a Fiocruz está atuando na reativação de Postos de Informação de Triatomíneos – (PITIs). Trata-se de locais escolhidos pelos serviços de vigilância em saúde dos municípios onde a população pode entregar insetos suspeitos de serem barbeiros. Dos postos de informação os vetores são encaminhados para identificação em laboratórios de referência.

A coordenadora de vigilância em Saúde da SRS de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes destaca a importância da manutenção dos trabalhos visando o controle da doença de Chagas no Norte de Minas. Isso porque, explica, o Estado de Minas Gerais é considerado área de alto risco, apresentando o terceiro maior coeficiente médio de mortalidade, 5,75 por 100 mil habitantes. Entre 2007 e 2017, o Estado notificou 12 mil 902 óbitos por doença de Chagas, de um total de 51 mil 293 mortes ocorridas no mesmo período em todo o país.

Além disso, observa Agna Menezes, “dados divulgados em 2021 pela Organização Pan-Americana da Saúde – (OPAS) alertam que 70% das pessoas que vivem com a doença não sabem que estão infectadas. Ainda segundo a OPAS, nas Américas estima-se que 6 a 8 milhões de pessoas estejam infectadas com o parasita Trypanosoma cruzi. No entanto, 7 a cada dez pessoas desconhecem sua condição devido à ausência de sintomas clínicos”.

TRATAMENTO

Em relação à assistência aos pacientes com doença de Chagas, Renata Fiúza Damasceno, referência técnica da Coordenadoria de Assistência à Saúde da SRS de Montes Claros explica que em 2018 o Ministério da Saúde publicou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. Esse documento estabelece os critérios para o diagnóstico da doença, tratamento e acompanhamento dos pacientes por meio do Sistema Único de Saúde – (SUS).

“Nesse contexto, cabe aos serviços de atenção primária dos municípios realizar o rastreamento da doença de Chagas na população, o diagnóstico, o tratamento etiológico quando recomendado e o acompanhamento dos pacientes ao longo da vida. Destaca-se que os casos graves da doença também deverão ser acompanhados pelos serviços de atenção especializada, a fim de garantir a integralidade do cuidado”, reforça Renata Fiúza.

As principais formas de transmissão da doença de Chagas são: contato com fezes de triatomíneos infectados, insetos popularmente conhecidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo; ingestão de alimentos contaminados com parasitos provenientes de insetos infectados; pela passagem de parasitos de mulheres infectadas para seus bebês durante a gravidez ou o parto; transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios.

A transmissão da doença também pode acontecer de forma acidental, pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado durante manipulação em laboratório ou de caça.
Na fase aguda o diagnóstico da doença se baseia na presença de febre prolongada por mais de sete dias e outros sinais e sintomas sugestivos, como fraqueza intensa e inchaço no rosto e nas pernas. Já na fase crônica a suspeita diagnóstica é baseada nos achados clínicos e na história epidemiológica. Porém, parte dos casos não apresenta sintomas, devendo ser considerados contextos de risco e vulnerabilidade, entre elas a pessoa residir ou já ter morado em regiões onde barbeiros são encontrados.

O tratamento deve ser indicado por um médico, após a confirmação da doença. O remédio Benzonidazol é fornecido pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, mediante solicitação das secretarias estaduais de saúde. Deve ser utilizado em pessoas que tenham a doença aguda assim que ela for identificada. Para pacientes na fase crônica, a indicação do medicamento depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso.