A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu e enviou para a Justiça em Montes Claros, na região Norte do estado, nessa segunda-feira (21), o inquérito policial instaurado em desfavor do padre Reginaldo Cordeiro de Lima, 57 anos, por importunação sexual. O suspeito, que atua Paróquia Divino Espírito Santo, que fica no bairro Planalto, foi indiciado pela conduta tipificada no artigo 215-A do Código Penal.
Diante da ampla divulgação relacionada à prática de crime sexual, envolvendo uma jovem de 19 anos, no ano passado, dentro da legalidade, a PCMG adotou todas as providências iniciais cabíveis. Instaurado o Inquérito Policial, a vítima foi ouvida e alegou que no dia 29 de setembro de 2021, dentro da Casa Paroquial, no quarto do pároco, durante um encontro marcado por ele, teria sido beijada no nariz e na boca enquanto conversavam. Atordoada com a situação, ao tentar sair, percebeu que a porta do local estava trancada. Antes de ir embora, o investigado pediu confidencialidade sobre o ocorrido, afirmando que era apenas uma demonstração de carinho.
Durante as diligências realizadas para esclarecer a ocorrência, em 07 de outubro do mesmo ano, outra jovem procurou a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher para relatar que também havia sido molestada pelo pároco. O fato, segundo ela, teria ocorrido na garagem da casa paroquial, em 2016. Na época, a vítima afirmou que o suspeito a beijou na boca e começou a esfregar seu órgão genital nela.
No curso da investigação, a equipe coordenada pela Delegada Karine Maia que preside os autos, ouviu 11 testemunhas, formalizou as declarações das duas vítimas e do investigado por ambas as condutas, e ainda, realizou minucioso levantamento sobre a vida pregressa dos envolvidos.
A delegada explica que a vítima descreveu de forma minuciosa toda a dinâmica sucedida , quando, onde e como tudo aconteceu, além disso, para formar convicção, apreciou todas as provas inclusive as testemunhais de quem amparou a vítima após os fatos, unânimes em afirmar que ela seria incapaz de criar essa história.
O suspeito negou ambas as acusações, entretanto, a delegada Karine Maia pontuou que as declarações da vítima merecem total credibilidade em casos de delitos sexuais em razão da clandestinidade dos fatos. E ainda, na primeira ocorrência, é imprescindível considerar que foi o investigado quem marcou o encontro e levou a vítima para o seu quarto, mesmo sozinhos no local.
Com todos os elementos de prova produzidos nos autos, a autoridade reuniu indícios suficientes de autoria. O suspeito foi indiciado pela conduta tipificada no artigo 215-A do Código Penal em relação à vítima de 19 anos. Por outro lado, quanto ao delito ocorrido em 2016, na época, a lei não previa o crime de Importunação Sexual, portanto, o pároco não pode ser responsabilizado criminalmente por esse crime, e nem por qualquer outro que se enquadre em sua conduta, em razão da decadência do prazo para representação, exigência legal em 2016.
O Inquérito Policial foi encaminhado para o Fórum de Montes Claros e encontra-se à disposição da Justiça.
Webterra
O Portal de Notícias entrou em contato com a assessoria de comunicação da Arquidiocese de Montes Claros para saber qual a posição da instituição em relação a conclusão do inquérito. Na tarde desta terça (22), recebemos como resposta que “Não há nota da Arquidiocese”.
Tentamos contato, também, com o pároco Reginaldo, mas, até o momento, não tivemos retorno. Portanto, essa matéria poderá ser atualizada a qualquer momento caso o investigado queira se posicionar.