A construção do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (CETAS) de Montes Claros, onde funcionava o Zoológico Municipal Amaro Satiro Araújo, ainda não teve início.
É o que informa o Instituto Estadual de Florestas (IEF) em nota enviada ao Webterra. “O CETAS de Montes Claros está em fase de projeto. Recentemente, foi entregue ao órgão estadual o pré-projeto para análise. Com isso, as obras ainda não foram iniciadas. A partir da emissão da autorização de instalação por parte do IEF, o empreendimento tem prazo de até 12 meses para construção das estruturas”, diz o comunicado.
A informação vai de encontro ao que informou a Prefeitura de Montes Claros em agosto do ano passado. Na ocasião, foi divulgado que a construção da unidade no espaço onde funcionava o antigo zoológico da cidade teria início em novembro do mesmo ano e que “a criação do centro será possível porque um termo de comodato, com duração de 25 anos, firmado entre o município e o estado, cedendo mais de 20 mil metros quadrados do espaço do Zoológico ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), foi assinado em 2019 pelo prefeito de Montes Claros, Humberto Souto”, diz o texto datado de 19 de agosto de 2021.
Na manhã do dia 18 de agosto do mesmo ano, inclusive, técnicos do IEF, acompanhados pela equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, vistoriaram o local da implantação do CETAS, que terá, além das estruturas administrativas, um centro médico completamente equipado, uma ala para cuidados especiais com filhotes, um espaço de quarentena para o isolamento dos animais recém-chegados, e viveiros para treinamento de voo e condicionamento físico das mais diversas espécies.
O secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Soter Magno, explicou na época que “por ser o segundo entroncamento rodoviário do País, Montes Claros é o primeiro em tráfico de espécies silvestres, sendo considerada uma das principais rotas deste tipo de contrabando, ligando o Norte e Nordeste ao Sudeste do Brasil. Por isso, é fundamental a implantação deste CETAS na cidade, já que a estrutura daquele espaço que funciona no Ibama para abrigar os animais que são tirados do seu ambiente natural não atende a demanda”.
Sobre o CETAS
O Zoológico de Montes Claros, que ficava instalado nas instalado nas dependências do Parque Municipal Milton Prates, na região do Grande Major Prates, era um dos principais pontos de lazer da cidade. Ele contava com uma variada fauna brasileira e estrangeira, com destaque para as onças pardas, jacarés, aves e macacos.
No início de 2017, a situação de caos encontrada pela administração da cidade provocou o seu fechamento ao público, por tempo indeterminado. A decisão foi tomada pelo secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da época, Paulo Ribeiro, e anunciada na manhã de 03 de janeiro daquele ano, em reunião com coordenadores e funcionários do local, depois de serem constatadas diversas irregularidades e situação de total abandono do logradouro, com registro de animais e aves sem alimentação adequada.
Na ocasião, a prefeitura informou que a intenção era “solucionar o problema, através de Parceria Pública Privada (PPP), com a possibilidade de transferência do zoológico para outra área, como o Parque da Sapucaia e repasse da administração do local para uma Organização Não Governamental (ONG), decisão semelhante à já adotada em Belo Horizonte”.
Outra justificativa apontada é o fato do zoológico “estar funcionando em local inadequado, tendo em vista que aquela região já está totalmente habitada, o que trazia stress às 144 espécimes de animais e aves”, comunicou a prefeitura.
Em 2019, dezenas de animais que “residiam” no local foram doados para zoológicos de Minas Gerais e de outros estados. Em 2020, ainda restavam uma capivara, cinco papagaios, oito araras e três carcarás no espaço, sendo os últimos a serem entregues para doação.
Em resposta ao Webterra nesta terça-feira (22), a prefeitura informou que não existe nenhum projeto e nem intenção do município em criar um novo zoólogico na cidade.
O fato é que a Prefeitura, em parceria com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), aprovou a proposta de usar o espaço do antigo jardim zoológico, que será cedido pelo município, para a criação do CETAS, que possui a finalidade de receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar animais silvestres, além de realizar e subsidiar pesquisas científicas com animais recebidos ou capturados.
Após serem apreendidos pelos órgãos ambientais, os animais silvestres transportados ilegalmente ou mantidos em cativeiro são encaminhados para o centro de triagem, onde permanecem por 40 dias, período em que recebem tratamento e passam por uma espécie de readaptação para que sejam libertados novamente na natureza. Durante a “quarentena”, eles devem ficar isolados, recebendo apenas os cuidados de biólogos, veterinários e outros profissionais.
A implantação do novo Cetas é fruto do Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental firmado pela Sada Bioenergia e Agricultura Ltda no âmbito do seu licenciamento ambiental com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos Rios Verde Grande e Pardo.