O número de mortes tende a crescer nos próximos dias, já que foram computados pela Polícia Civil 126 desaparecidos após o temporal que arrasou a cidade fluminense há seis dias. Segundo a prefeitura, 812 pessoas estão desabrigadas e ocupam 21 unidades escolares da cidade.
Até então, o desastre registrado no verão de 1988 havia sido o mais letal para a cidade, com 134 mortos. Em 2011, os temporais causaram 73 vítimas fatais em Petrópolis, mas também castigaram cidades vizinhas, deixando um saldo de 918 mortes em cidades da região serrana.
Na terça-feira (15), a cidade foi arrasada por um forte temporal que resultou em mais de 400 deslizamentos desde então, somando 553 ocorrências no total registradas pela Defesa Civil, incluindo alagamentos e avaliações de risco.
Petrópolis tem um quinto de seu território sob alto risco e fica na serra do Rio de Janeiro, que sofre anualmente com tempestades de verão e deslizamentos.
A cidade tem 234 locais de risco alto ou muito alto, o que equivale a 18% do território e 12 mil moradias, segundo o Plano Municipal de Redução de Riscos publicado em 2018.
Grande parte dos imóveis condenados há 11 anos na região não foi demolida e voltou a ser ocupada por quem não conseguiu moradia ou discordou das opções dadas pelo poder público. Os moradores reclamam que as unidades habitacionais construídas desde então não são suficientes.
Entre os 144 corpos que já chegaram ao IML (Instituto Médico-Legal) até o fim da tarde deste sábado (19), 89 são de mulheres e 55 são de homens, incluindo 27 de menores de idade, segundo os números mais recentes da Polícia Civil. Entre eles, 119 já foram identificados.
Na porta da unidade, parentes aguardam a leitura dos nomes por funcionários. Para facilitar o acesso a informações, a corporação antecipou a implementação de um Portal de Desaparecidos, que permite a consulta de nomes e fotografias pelos familiares que fizeram o registro.
As salas de velórios estão cheias, e os enterros estão sendo feitos em sequência no Cemitério Municipal de Petrópolis desde a tarde de quarta (16). A prefeitura abriu novas covas rasas (menos profundas e mais baratas) e descartou um grande enterro coletivo “para respeitar a programação das famílias”.
Nas ruas, moradores seguem limpando casas, comércios e prédios históricos, sirenes de viaturas e ambulâncias passam de um lado para o outro, e voluntários circulam com doações por escolas e igrejas, sob um forte cheiro de lama misturada com lixo em alguns locais.
No desastre de 1988, as chuvas também causaram deslizamentos de terra, desabamentos ou levadas por enxurradas. Daquela vez, um temporal causou enchentes pela manhã e foi agravado pela chuva que voltou a cair à tarde.
Nas três tragédias, o que se viu nos dias seguintes foram cenas de destruição, com carros empilhados, asfalto arrancado, famílias sem casas e socorristas procurando vítimas soterradas.
[Com informações de O TEMPO]