O que aconteceria se o salário mínimo aumentasse para R$ 6.000,00? Há alguns dias, o Dieese divulgou que esse seria o valor ideal para contemplar todas as necessidades dos brasileiros. Mas não levou em conta o que aconteceria se esse aumento fosse concedido do dia pra noite. Mas nós levaremos em conta;
aconteceria o seguinte:
1) Aumentaria o desemprego e a informalidade;
2) Teria custos fiscais elevados consumindo recursos que poderiam ser alocados em políticas com maior penetração nos mais pobres;
3) Não teria impacto significativo na redução da desigualdade e da pobreza. Isso por que o aumento do salário mínimo deve ser acompanhado pelo aumento da produtividade do trabalho. Se ele crescer acima da produtividade, a consequência será aumento do desemprego, da informalidade e piora na alocação de recursos.
Para ilustrar, façamos uma alegoria:
Você, como empresário, contrataria por R$ 6 mil (mais os encargos, que quase dobram esse custo) alguém que só aumenta o seu faturamento em R$ 2 mil?
Caso esse aumento fosse imposto na canetada, duas coisas poderiam
acontecer:
1) Empregador repassaria o custo extra em seu produto final, aumentando os preços para o consumidor. Em pouco tempo, o salário de R$ 6 mil teria seu poder de compra corroído, sendo necessário novo aumento.
2) Empregador não teria espaço para aumentar os preços nesta proporção e acabaria enxugando a equipe ou fechando a empresa. Em ambos os casos, o desemprego cresceria.
Existem limites para a valorização do salário. No caso do Brasil, dada a baixa produtividade do trabalhador brasileiro e o grande esforço já feito nesta direção desde o início do Plano Real, temos muito pouco espaço para isso. O salário mínimo no Brasil corresponde a aproximadamente 75% do salário mediano da economia.
Nos EUA, equivale a 34%, e a média da OCDE é de 53%. O salário mínimo é pouco sim, mas precisamos lembrar que estamos em um país pobre, onde ele corresponde a mais que o dobro da renda média de 20% da população. Parece piada de mau gosto, mas a verdade é que reajustes reais no mínimo não terão penetração significativa nos brasileiros mais pobres.
Além disso, uma série de benefícios pagos pelo setor público são vinculados ao salário mínimo. Cada 1% de elevação do salário mínimo aumenta em R$3 bilhões o gasto primário da União. Ou seja, um aumento de 10% já consumiria todos os recursos do Bolsa Família.
O trabalhador brasileiro ganha pouco porque produz pouco. E isso tem uma série de motivos, que vão desde a baixa qualidade da educação, até o péssimo ambiente de negócios no Brasil, que eleva os custos e cria entraves para a produção de riquezas.
Todos queremos que o trabalhador melhore seu poder de compra, mas não é possível vencer a pobreza sem criar riquezas.