– Pois eu digo que o vento mais triste, é o vento do mato. – resmungava pedante o vento da cidade grande.
– Não é não! Relutava o seu companheiro de diálogo.
– Vocês não podem morar nesses prédios enormes!
– Não podemos.
– Vocês não podem ir à padaria, ao shopping ou ao clube.
– Não podemos.
– Tá vendo?
– Pois então me diga: – Onde é que os passarinhos da cidade vão fazer os ninhos se vocês não têm árvores?
E assim fez se passando adiante calado o vento analfabeto às coisas quase que invisíveis.
Soure. Pará. 24 de fevereiro de 2021