Principais sistemas da saúde terão retorno gradativo a partir desta sexta-feira

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, informou que a previsão é que até sexta-feira (14) os principais sistemas do Ministério da Saúde sejam restabelecidos.

Há mais de um mês o Ministério da Saúde sofreu um ataque cibernético que deixou fora do ar os sistemas de informações de notificação de casos, internações e mortes, além dos dados de vacinação.

Ele disse que o Ministério da Saúde tem trabalhado em etapas. Primeiro, trabalhou para que os sistemas de captura de dados fossem restabelecidos para conseguir receber os dados dos estados e municípios.

Cruz afirmou que essa etapa terminou ainda em dezembro e a pasta tem recebido informações de óbitos, vacinação e casos de Covid-19.

Um dos grandes desafios foi trabalhar para restabelecer sistemas que fazem a disseminação dos dados. Nessa fase, existem os dados que são disseminados para estados e municípios. A previsão é que essa parte esteja funcionando integralmente na sexta.

Ele disse que os estados já conseguem acessar o SI-PNI (Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização), e-SUS Notifica, sistemas próprios de vacina e a parte de laboratório. O desafio que ainda existe é uma particularidade do SI-PNI.

A outra parte é restabelecer os sistemas de disseminação dos dados públicos. Ele disse que o Open Datasus, que possui dados de acompanhamento da pandemia, é um dos grandes desafios da pasta.

“A expectativa é que a parte de hospitalização, casos, imunização até sexta-feira [seja restabelecida]. Da mesma forma, o LocalizaSUS e o Painel Coronavírus. Até sexta-feira se resolve grande parte dos painéis do público em geral”, informou.
Cruz avaliou que o ataque foi grave, mas não houve perda de dados.

“Aconteceu o ataque, foi grave, apagaram-se todos os registros de vacina, óbitos e casos que estavam na nuvem. Após um trabalho verificou que os dados não foram perdidos. Mas demora-se um tempo para reconstruir os sistemas”, disse.

Os senadores que integraram o grupo majoritário da CPI da Covid -que atuou entre abril e outubro do ano passado- tiveram uma reunião virtual na noite de terça-feira (11) para discutir a instalação de uma nova comissão.

São vários os temas que os parlamentares avaliam que merece uma apuração a fundo, em particular o apagão de dados do Ministério da Saúde. Os membros do grupo majoritário da antiga CPI desconfiam que possa ter havido uma sabotagem do próprio ministério.

“Desconfiamos sim que possa ter havido sabotagem. E é por isso que existe o requerimento de uma nova CPI”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi vice-presidente da CPI da Covid e autor do requerimento para a instalação de uma nova comissão.

Randolfe acredita que a movimentação do Ministério da Saúde, anunciando que vai restabelecer parte dos dados, já é uma reação às ações dos membros da CPI da Covid, em particular o requerimento para abrir uma nova comissão. O senador, no entanto, afirma que o anúncio da pasta não vai mudar as intenções dos parlamentares.

“É algo que precisa ser investigado, então vamos avançar com a coleta de assinaturas para instalar a nova CPI”, completa o parlamentar.

A reunião virtual contou com a participação de praticamente todos os membros do grupo majoritário da CPI da Covid, que atualmente integram o Observatório da Pandemia, uma frente parlamentar instalada após a conclusão dos trabalhos da comissão. As ausências mais sentidas foram dos senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e de Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Os participantes da reunião acordaram em ouvir especialistas sobre o apagão de dados, para na sequência voltarem a avaliar a instalação de uma nova CPI. A reunião com especialistas deve acontecer na última semana de janeiro, para que as próximas ações sejam tomadas no início de fevereiro, quando o Congresso retoma suas atividades, com o fim do recesso parlamentar.

Randolfe afirma que houve apoio inicial unânime para a nova CPI entre os membros do observatório, embora alguns apontem que precisam discutir a questão com seus partidos. Por outro lado, os parlamentares desse grupo apontam que já uma movimentação do governo para barrar a instalação da CPI. Apontam que o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) já começou a entrar em contato com senadores ligados ao governo para impedir a assinatura do requerimento.

São necessárias as assinaturas de 27 dos 81 senadores para que uma CPI seja instalada.

Além do apagão de dados, o requerimento que pede a instalação de uma nova CPI cita também a necessidade de investigar eventuais omissões e ações contra a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos, ausência de doses para a vacinação de reforço e também os ataques, em particular de Jair Bolsonaro, contra técnicos e diretores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

[Com informações de O TEMPO]