O estado de Minas Gerais vem recebendo volumes significativos de chuva neste início de janeiro, devido à formação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul – ZCAS, desde a última quinta-feira (06/01). A ocorrência deste evento ao longo dos dias que seguiram ocasionou elevados volumes de chuva na maior parte da faixa central do estado. Na bacia do rio São Francisco foram observadas vazões elevadas em diversos rios afluentes, como o rio Pará, rio Paraopeba e rio das Velhas, ocorrendo inundações generalizadas em vários municípios.
Este aumento de vazões nos afluentes que alimentam o reservatório da UHE Três Marias resultou em um expressivo ganho em seu armazenamento, em curto período. As afluências (vazões que entram) ao reservatório no dia de ontem (10/01), atingiram patamares superiores a 5.000 m³/s, com a perspectiva de atingirem 8.000 m³/s já na próxima quarta-feira. Ainda no dia de ontem, a vazão liberada na usina foi ampliada para 850 m³/s, pela maximização da geração de energia na usina.
De forma a controlar a subida de nível do reservatório, a Cemig informa que será necessário iniciar o vertimento pelas comportas a partir da quarta-feira (12/01). Na segunda-feira (10/01), o vertimento foi implementado em patamares, conforme alinhado junto ao Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA:
12/01/2022, quarta-feira: abertura das comportas com 500 m³/s às 8h00, totalizando 1.350 m³/s de defluência;
13/01/2022, quinta-feira: ampliação do vertimento para 850 m³/s às 8h00, totalizando 1.700 m³/s de defluência;
14/01/2022, sexta-feira: ampliação do vertimento para 1.400 m³/s às 8h00, totalizando 2.250 m³/s de defluência.
Mesmo com a abertura de comportas, fato que não ocorria desde o início de 2020, a tendência é que o reservatório continue ganhando armazenamento até o final do mês. A Cemig segue monitorando a condição de operação do reservatório e novas ampliações podem ser necessárias, conforme as afluências verificadas no reservatório nos próximos dias.
Já no trecho mais próximo à UHE Três Marias, dado o evento chuvoso que também ocorreu no rio Abaeté nesses últimos dias, houve necessidade de evacuação das ilhas fluviais ao longo do município de Pirapora. O momento do vertimento da UHE Três Marias aproveita o cenário de queda das vazões desse importante afluente que deságua após a barragem, visando não agravar uma situação que já se iniciava no trecho.
A Cemig permanece em contato com o IEPHA e SAAE de Pirapora, com o objetivo de atualizar as informações sobre a condição do rio São Francisco no município, de forma a avaliar eventuais impactos para a reforma do Vapor Benjamin Guimarães. Para o patamar de vazões que será liberado pela UHE Três Marias, é previsto que não ocorram impactos a este patrimônio histórico da região.
Além do rio Abaeté, o rio São Francisco ainda recebe contribuintes significativos ao longo de seu curso, como rio Urucuia, rio das Velhas e o rio Paracatu. Tais afluentes já vem vivenciando grandes efeitos face ao evento chuvoso adverso, produzindo inundações nos municípios de São Romão, São Francisco e Januária. Entretanto, dado o montante necessário a ser liberado pelo reservatório, é provável que os níveis nessas cidades que apresentaram queda na segunda-feira (10/01), voltem a subir ao longo do início da semana seguinte, considerando o tempo de viagem da água.
Para o acompanhamento do comportamento das vazões para trechos mais distantes da usina, ao longo do rio São Francisco, o Serviço Geológico do Brasil – CPRM segue com o monitoramento e emissão dos informes.
Sobre a bandeira tarifária
A Cemig esclarece que as bandeiras tarifárias que incidem nas contas de energia dos brasileiros são definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Elas valem para todo o território nacional, sendo o mesmo valor aplicado para todos os consumidores no país. Ou seja, a Cemig não define quando é aplicada uma bandeira tarifária ou não.
Importante destacar que o sistema de geração e transmissão do Brasil é conectado por meio do Sistema Nacional Interligado (SIN). O País é dividido em quatro subsistemas na questão de geração: o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o subsistema Sul, o subsistema Nordeste e o subsistema Norte. As usinas de Minas Gerais estão, majoritariamente, no subsistema Sudeste/Centro-Oeste que apresenta o nível de reservatório, em 10 de janeiro de 2022, de 32,55%, conforme dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Vale ressaltar que, como o sistema brasileiro é interligado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) leva em consideração todos os subsistemas para definir a bandeira que vai vigorar no país. Lembrando que as bandeiras tarifárias indicam as condições hidrológicas para a produção de energia elétrica. Isto é, quanto mais térmicas são acionadas para atender a demanda da população, mais cara será a produção de energia. Isso se deve pelo fato de que as usinas térmicas utilizam combustíveis fósseis.