Montes Claros: Santa Casa pode suspender atendimento pediátrico, enquanto médicos da UPA dão atestado e HU está superlotado

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A Santa Casa de Montes Claros informou, em reunião com pediatras, que existe a possibilidade de interromper, a partir da próxima segunda-feira (10), o atendimento pediátrico no pronto atendimento.

Crianças podem ficar sem a especialidade, seja via convênio ou particular, justamente quando a demanda do município vem aumentando. A diretoria do hospital informou aos profissionais de saúde que se caso eles não apresentarem a escala de plantão completa, dos meses de janeiro, fevereiro e março, o serviço será temporariamente suspenso. O prazo dado foi de 48 horas, que termina nesta quinta-feira (6).

No dia 17 de dezembro do ano passado, uma decisão judicial foi proferida determinando que a Santa Casa tivesse, ao menos, um pediatra exclusivo para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), “durante 7 dias por semana, 24 horas por dia, para atendimento às urgências pediátricas no pronto-socorro, exclusivamente para a população que utiliza os serviços do SUS; não podendo o mesmo profissional, no mesmo horário, atender paciente da saúde privada e complementar.”

UPA

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Questionada pelo Web Terra se a cidade tem condições de atender a demanda de pacientes infantis caso falte atendimento pediátrico na Santa Casa, a prefeitura informou que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Chiquinho Guimarães possui atendimento 24 horas por dia, sete dias por semana, com dois pediatras por plantão.

Porém, no plantão noturno da unidade, dos dias 30 e 31 de dezembro de 2021, não houve o serviço.

O Web Terra perguntou novamente a prefeitura por qual motivo não havia pediatra de plantão em pleno final de ano. Como resposta, ela disse que  “os plantonistas pediatras do horário noturno nos dias 30 e 31 de dezembro apresentaram atestado médico, não sendo possível convocar outros profissionais para substituição. Contudo o atendimento esteve normalizado no plantão seguinte durante o dia”.

Ainda ressaltaram, novamente, o atendimento integral na unidade e acrescentaram que há disponibilidade de profissionais, também, no pronto atendimento do Alpheu de Quadros, que  atende das 7 às 19 horas.

Vale lembrar que o Web Terra já noticiou o caos do atendimento pediátrico na UPA, onde mães adentram nos consultórios e discutem com os médicos, alegando que os profissionais estavam dando preferência a pacientes que tinham chegado depois. Após episódios constantes, a Guarda Municipal foi acionada para reforçar a segurança no local, nos plantões seguintes.

HUFC

Foto: Ascom/HUCF

Por falar em crianças, o  Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF) vem absorvendo uma demanda maior do que o normal da rede local de saúde. A sobrecarga é traduzida em números, com 1.550 atendimentos de crianças somente em dezembro último. O aumento em relação ao primeiro mês do ano passado impressiona: 3,3 vezes maior (foram 357 atendimentos em janeiro/2021).

“Pedimos a colaboração da comunidade neste momento em que identificamos a alta demanda na Pediatria, o que deixa evidente a sobrecarga no Pronto-Socorro, a porta de entrada do Hospital nas 24 horas do dia”, observa a superintendente do HUCF, Príscilla Izabela Barros de Menezes. Ela reforça a necessidade de compreensão por parte dos usuários: “a situação de superlotação permanente acarreta na grande demora para todos aqueles que procuram a instituição. Há, ainda, o risco de exposição dos trabalhadores envolvidos na assistência contínua, especialmente no Pronto-Socorro e Pediatria”.

A experiência da operadora de caixa, Érica Pereira da Mota, ajuda a explicar o cenário de como o Hospital da Unimontes está absorvendo uma grande demanda local. Mãe do pequeno Mateus, que aos 10 meses está internado há pouco mais de uma semana no HUCF, a comerciária está na cidade para visitar parentes e revela que passou por uma peregrinação pelos hospitais da cidade até chegar ao Hospital e ver o filho atendido por causa de problemas respiratórios.

“Essa viagem foi planejada, mas quando chegamos aqui, ele começou a apresentar os sintomas. Fomos a outros hospitais e não conseguimos atendimento. Viemos para o HUCF e, no mesmo dia, ele passou por exames que identificaram um quadro de pneumonia com infecção no sangue. Foi uma situação complicada, mas consegui um bom atendimento e graças a Deus espero que meu filho se recupere logo para voltar logo para a nossa cidade, no Mato Grosso do Sul”, destacou a mãe.