Com o índice acumulado de dois dígitos em 2020, o montes-clarense deixou de conviver com a chamada inflação moderada e salta para a hiperinflação. O percentual somado ao longo dos 12 meses do ano passado chega a 10,32%, conforme relatório divulgado nessa segunda-feira, 3, pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), projeto do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Montes Claros.
A coordenadora do estudo, professora Vânia Vilas Bôas Vieira, explica que esta é a primeira vez, desde 2016, que a medição passa dos 10%. O cenário de restrições com a pandemia da Covid-19 soma-se às explicações pelo aumento do custo de vida.
Há, também, a influência do mercado externo sobre o interno, diante da incidência do dólar sobre o preço dos alimentos e combustíveis, a crise hídrica que provocou o aumento do custo da energia elétrica e os constantes reajustes dos combustíveis.
ANOS ANTERIORES – Este é o maior percentual registrado nos últimos três anos, conforme revela o IPC/Unimontes. Em 2020, a inflação em Montes Claros, que já foi considerada alta, chegou a 8,41%, contra os 5,37% em 2019.
Outra particularidade no cenário em Montes Claros está no chamado custo agregado ao produto final por causa do frete, já que a cidade está distante dos grandes centros distribuidores de alimentos industrializados e, isso, exige maiores gastos com a logística de transporte.
DEZEMBRO
O último mês de 2021 teve uma inflação de 0,89%, com alta nos preços de todos os sete grupos e subgrupos que servem como base no cálculo do IPC. A alimentação, mais uma vez, pesou no bolso do consumidor, com a alta dos preços de itens considerados básicos, como o café (9,75%), banana (24,41%) e a carne bovina (5,29%).
Até mesmo a possibilidade de variação do cardápio ficou comprometida, diante do custo maior dos peixes (9,55%), miúdos (1,77%) e carne suína (1,73%). O reajuste do óleo diesel em 2,22% e do etanol em 1,76% também pesou no custo de vida local. Nem a leve queda no preço do feijão ( – 3,88%) ajudou a reduzir o custo de vida.
CESTA BÁSICA
O custo acumulado com a cesta básica em 2021 foi um pouco menor, com alta de 7,01%, na comparação dos 13 produtos considerados essenciais para uma pessoa ao longo do mês: carne bovina, leite tipo C, feijão, arroz, farinha de mandioca, tomate, batata, pão de sal, café, banana. Açúcar, óleo de soja e margarina.
O cálculo tem como base a renda sob um salário-mínimo (R$ 1,1 mil). O custo em dezembro da cesta básica foi de R$ 447,93.