A variante Ômicron tem assustado o mundo. Após alfa, gama e delta, essa nova variante do coronavírus vem ganhando destaque nas manchetes. Por causa disso, muitos países impuseram mais uma vez severas restrições de viagem. O medo é que a nova variante seja ainda mais contagiosa e as vacinas tenham menos eficácia contra ela. Os estudos, no entanto, estão mostrando que ela pode ser mais facilmente transmitida e menos letal.
Mesmo em países com alta taxa de vacinação, o contágio pós-imunização está crescendo. Isso significa uma infecção pela covid-19 apesar de se estar vacinado. Esse desenvolvimento preocupa a muitos e leva a vários rumores sobre a eficácia das vacinas.
As vacinas contra o coronavírus são altamente eficazes, mas não 100%. Com a nova variante ômicron, existe grande preocupação de que as vacinas protejam menos do que contra variantes anteriores. Dados confiáveis ainda não estão disponíveis, mas fabricantes de vacinas, como a BioNTech-Pfizer e Moderna, já anunciaram que irão adaptar seus imunizantes se necessário.
As vacinas da BioNTech-Pfizer, Moderna e AstraZeneca, por exemplo, seriam cerca de 75% eficazes contra uma infecção sintomática da variante delta. E a situação é parecida com a vacina indiana Covaxin. Isso significa que a probabilidade de adoecer é 75% menor. No entanto, ainda há um risco residual com essa e outras vacinas.
E isso também se reflete estatisticamente: com mais de 3 bilhões de pessoas totalmente vacinadas no mundo, há ainda um número considerável de pessoas que contraem a covid-19.
“Se olharmos para os números e as proporções entre pessoas vacinadas que são infectadas e pessoas não vacinadas que são infectadas, o risco é dez vezes maior para os não imunizados” conta a imunologista Christine Falk.
“No entanto, neste momento temos níveis muito altos de taxas de infecção, e eles geram pressão nas pessoas vacinadas. E assim, de repente, as pessoas em risco são os chamados não respondedores que já tiveram uma certa queda na resposta da vacina. Apesar disso a memória imunológica está lá, mas ainda há uma chance de se infectar, e isso é o que estamos vendo”, acrescenta Falk.
De acordo com informações oficiais, a vacina Sputnik V, da Rússia, também protege 83% contra a variante delta, mais contagiosa. No entanto, a Rússia não divulgou qualquer evidência científica disso. A vacina da Johnson & Johnson, por outro lado, é considerada menos eficaz pelas autoridades de saúde. Houve relativamente muitos casos entre vacinados com esse imunizante.
Por esse motivo, pessoas vacinadas com a Johnson & Johnson receberam agora a recomendação para tomar um reforço com um imunizante diferente num curto período de tempo em vários países. Parece ser semelhante com a Sinovac [Coronavac] e a Sinopharm – a pouca informação disponível sobre a delta sugere que as duas vacinas chinesas são menos eficazes contra a variante mais comum do coronavírus.
Uma das causas para o aumento de vacinados infectados em alguns países é o fato de que a proteção vacinal diminui com o tempo. Depois de um período, o sistema imunológico não se lembra tão bem do encontro com a covid-19: assim, os anticorpos diminuem novamente.
“Em termos de duração da eficácia, acho que ainda estamos aprendendo continuamente. Acredito que, falando de maneira geral, parece que talvez cerca de seis meses após a conclusão da vacinação pessoas imunizadas estão tendo probabilidade maior de desenvolver uma infecção”, afirma Hyung Chun, professor de cardiologia na Universidade de Yale.
Condições preexistentes também podem ser uma razão para a vacina do coronavírus não funcionar tão bem, como diabetes, câncer ou doenças cardiovasculares. É por isso que as autoridades de saúde de muitos países recomendam doses de reforço, especialmente para esses grupos de risco e para os idosos.
“Nas discussões sobre infecções de vacinados é muito importante mencionar que, em muitos países europeus, especialmente na Alemanha, por exemplo, a proporção de não vacinados ainda é muito alta e eles correm um grande risco de serem infectados”, frisa Falk. “E foi realmente isso o que vimos com essas taxas de infecção constantemente altas na Alemanha. E se não conseguirmos reduzir a proporção de pessoas não vacinadas, será uma situação difícil de ser controlada no inverno europeu. Eu gostaria de realmente enfatizar que faz sentido considerar a imunização.”
Resumindo: a infecção de vacinados não significa uma falha da vacina. Nós sabemos que as vacinas não oferecem proteção completa – também porque foram desenvolvidas contra a fase inicial do vírus e não contra suas variantes. No entanto, elas protegem contra hospitalizações e casos graves. Como a proteção diminui com o passar do tempo e nem todos estão protegidos da mesma forma, as doses de reforço são altamente recomendadas.
*(Com informações da DW).