A Câmara de vereadores realizou quarta-feira (01), audiência pública para discutir a situação dos trabalhadores do transporte coletivo urbano da cidade. O evento foi proposto pela vereadora Professora Iara Pimentel (PT), aprovado por unanimidade pela Casa Legislativa.
Foram convidados representantes do consórcio Mocbus, Transmoc e MCTrans, Ministério do Trabalho, além dos motoristas e trocadores das empresas.
A proponente lembrou que a pauta do transporte coletivo urbano de Montes Claros está sendo discutida desde o início do ano e essa é a segunda audiência para tratar o assunto.
“Nós estamos, hoje, com os trabalhadores que prestam o serviço e são eles que recebem o impacto. O usuário reclama do transporte, do serviço, sem saber das condições destes trabalhadores. Nossa proposta é que essa situação chegue ao conhecimento da população, das empresas, do consórcio e prefeitura. Enquanto os direitos desses trabalhadores não forem reconhecidos e respeitados os usuários vão continuar sendo, também prejudicados”, comentou.
A parlamentar lembrou que o motorista recebe o valor da passagem, faz o troco, opera o elevador para a pessoa com deficiência e tem um tempo determinado para cumprir o percurso. “Muitas vezes atrasa, mas ninguém sabe o quando está difícil para ele”, salientou.
Na audiência também foram denunciados direitos retirados a exemplo do plano de saúde, suspenso há mais de dois anos.
Diretor presidente do sindicato dos trabalhadores do transporte, Varcy Vargas, denunciou que além dos direitos que estão sendo suprimidos pelas empresas, a logista está sobrecarregando e colocando em risco a saúde e a vida dos motoristas. “Os horários de algumas linhas chegam a ser desumanos. Temos que cumprir horário, trabalhar sozinhos e quando chegamos atrasado nos pontos, somos hostilizados pelos usuários”, lamentou Varcy.
O presidente do sindicato também reclamou da falta de apoio da MCTrans nos grandes bairros da cidade como o Maracanã, Renascença, Independência: “Não é ter um agente em cada esquina, mas não vemos ninguém para ajudar. Além disso estamos há dois anos sem reajuste, sem plano de saúde. Em plena pandemia, sem assistência médica. Esperamos que nosso grito de socorro chegue até a justiça e que a prefeitura também intervenha junto às empresas”, comentou Varcy.
A procuradora do Ministério Público do Trabalho, Ana Cláudia Nascimento, participou de forma remota e informou que a situação está sendo acompanhada de perto. Ela falou do excesso de tarefas, e direitos que não estão sendo respeitados pelas empresas, como os intervalos para alimentação, a instalação de sanitários, ainda que sejam banheiros químicos e outros. Ela pediu ao sindicato que não aceite em convenções coletivas de trabalho, o desconto no salário do colaborador por questões relativas a acidente de trabalho e conserto de veículos. Isso porque motoristas denunciaram que alguns estão tendo que pagar, com desconto em folha, conserto de ônibus envolvidos em acidentes.
Os parlamentares lamentaram a ausência das empresas na audiência e criticaram a atitude de enviar um ofício justificando a não participação, já que as mesmas são prestadoras de serviço à população e Câmara é a instituição que mais representa os usuários e trabalhadores.
O presidente da Casa Legislativa, Cláudio Rodrigues (Cidadania) informou que um documento de repúdio, em nome de todos os parlamentares, será enviado às empresas. Informou também que uma nova audiência será realizada e desta vez com a presença obrigatória dos prestadores do serviço coletivo de Montes Claros.
A partir da audiência um documento será elaborado e encaminhado justiça do trabalho, ministério público, prefeitura e empresas.
* Com informações da Câmara Municipal de Montes Claros-MG.