A baixa produtividade tem influência direta com no poder de compra das famílias brasileiras
A inflação brasileira – acumulada nos últimos 12 meses – chegou a 10,25%, trazendo consigo a preocupação com a manutenção do poder de compra e, consequentemente, da qualidade de vida das famílias brasileiras.
A inflação é decorrente da política monetária e fiscal, sendo assim, em uma analogia simples, a inflação acaba sendo um sintoma e não a doença. Já o padrão de vida e o poder de compra decorrem, majoritariamente, de um fator: produtividade. A produtividade pode ser entendida como a quantidade de bens e serviços produzidos por unidade de insumos e mão de obra.
O aumento da produtividade reside na capacidade de produzir mais bens e serviços utilizando o mínimo de recursos necessários. Mas afinal, qual a importância disso? Produtividade e custos são inversamente proporcionais, isso significa que ao aumentar a produtividade, a produção de um bem ou serviço torna-se menos custosa ao produtor e, consequentemente, mais acessível ao consumidor visto que o preço final tende a ficar mais baixo.
Vários fatores podem aumentar a produtividade, mas por hora, falaremos de três: tecnologia, qualificação do trabalhador e especialização do trabalho.
O avanço da tecnologia aumenta o produto marginal do trabalho, e isso, por sua vez, aumenta a demanda por mão de obra. Também é possível que mudanças tecnológicas reduzam a demanda por mão de obra. A invenção de um robô industrial barato, por exemplo, poderia reduzir a demanda por mão de obra – os economistas chamam essa mudança tecnológica de economia de mão de obra. A história mostra, entretanto, que a maior parte do processo tecnológico aumenta a mão de obra. Por exemplo, um carpinteiro com uma pistola de pregos é mais produtivo que um carpinteiro que utiliza apenas um martelo.
A qualificação do trabalhador tem relação direta com a qualidade da educação do país. Alguns estudos mostram que a educação aliada a qualificação da mão de obra provoca um aumento de, em média, 8% no salário, o que é um sinal direto da melhoria na produtividade do trabalho.
A especialização é uma consequência da divisão do trabalho, no qual várias pessoas (ou empresas) desempenham tarefas diferentes. Ou seja, a especialização de tarefas se dá a partir da realização de parte de uma atividade e não da atividade inteira. Destaca-se aqui, a atuação do Estado brasileiro que tenta atuar em atividades que vão desde o envio de correspondências até a extração de petróleo.
Diante disso, não é difícil entender porquê a produtividade brasileira é tão baixa!
Para aumentar a produtividade, o Brasil pode e deve mudar algumas regras do jogo. Entre elas, podemos destacar: maior abertura comercial que possibilite acesso das empresas à tecnologia e estimule a competitividade; maior necessário investimento em educação – especialmente na educação básica; melhorar o ambiente de negócios, sobretudo, o sistema tributário (empresas brasileiras gastam, em média 1.493 horas por ano para pagar imposto, segundo o Banco Mundial); realizar privatizações; e melhorar o ambiente institucional, garantindo maior segurança jurídica.