A lista de danos causados por carrapatos comuns em rebanhos bovinos (Rhipicephalus microplus) é grande. Entre os prejuízos, estão: a diminuição da produção leiteira, do ganho de peso e da fertilidade dos animais; o aumento dos gastos com a prevenção e com o tratamento de doenças; a perda de animais; e a desvalorização do couro que, embora não seja remunerado pela qualidade, prejudica as indústrias e eleva o preço do produto final. Além disso, outros ônus podem ser citados, como maiores custos com mão de obra, equipamentos, serviços e produtos específicos para o controle dos carrapatos.
Segundo o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Daniel Rodrigues, falhas na utilização de produtos e métodos de controle são os principais fatores responsáveis por acelerar o desenvolvimento de resistência aos produtos carrapaticidas.
“A situação atual é preocupante, pois os institutos de pesquisa e as indústrias não desenvolvem novos princípios ativos na mesma velocidade em que os carrapatos adquirem resistência. Esse processo é lento. A falta de perspectiva de desenvolvimento de novos princípios ativos, em curto prazo, é um fato e indica que os produtores terão que trabalhar com os grupos disponíveis no mercado ainda por um bom tempo”, enfatiza Daniel.
Mas, apesar de difícil, o controle eficiente de carrapatos é uma tarefa possível. Nesse sentido, a realização do biocarrapaticidograma, ou “teste carrapaticida”, tem se tornado cada vez mais necessária. Ainda segundo Daniel Rodrigues, os testes devem ser realizados anualmente, com o objetivo de monitorar a situação dos rebanhos e permitir a adoção de medidas preventivas. O pesquisador destaca ainda ser fundamental ao produtor procurar por orientação técnica especializada e seguir, com critério, as recomendações feitas pelos médicos veterinários.
“Os testes devem ser realizados antes que se esgotem as opções de tratamentos químicos disponíveis. Simultaneamente, alternativas de controle, como a seleção de animais resistentes e o descanso de pastagens, devem ser consideradas e avaliadas, de acordo com a realidade e os objetivos de cada propriedade”, conclui.