O número de remoções de implantes de mama aumentou 33% no Brasil, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica. Passou de 14,6 mil, em 2018, para 19,4 mil, em 2019 – últimos números disponíveis. A cirurgia para aumento da mama continua sendo um dos carros-chefe das plásticas no Brasil, com 211 mil procedimentos no ano, mas a procura tem sofrido queda.
Médicos brasileiros que se especializaram no explante contam que a busca pela remoção teve um boom em 2020, mesmo com a pandemia, e segue em alta. Por semana, o cirurgião plástico Bruno Herkenhoff faz de quatro a cinco cirurgias. Ele conta que até para ele, no início, retirar o silicone exigia um esforço de mudança da mentalidade sobre a beleza. “Temos de fazer um trabalho psicológico para mudar esse paradigma que vem desde a nossa formação”, afirma.
A jornalista Camila Ermida, de 42 anos, relata “relação de amor e ódio” com o silicone, colocado em 2017, até retirá-lo em agosto. Ela tinha zumbidos no ouvido, queda de cabelo, pés e mãos gelados.
Em uma das mamas também foi detectada uma contratura capsular ainda em grau leve – quando a membrana formada pelo corpo em volta do silicone passa a comprimir a prótese. “Foi uma escolha preventiva. Não esperei apresentar outros sintomas.”
As alterações físicas percebidas por ela fazem parte de uma lista de sintomas relatados por outras mulheres com implantes mamários. A chamada “doença do silicone”, que engloba essas queixas, não é reconhecida como enfermidade pela classe médica. Mas boa parte das mulheres que fazem o explante dizem ter melhora em pelo menos uma parte dos sintomas. Outra síndrome associada à prótese é a Asia (síndrome autoimune-inflamatória induzida por adjuvante), descrita em 2011 por um pesquisador israelense. Consiste no desenvolvimento de doenças autoimunes.
O cirurgião plástico Ricardo Eustáchio de Miranda diz que hoje é mais comum que as mulheres cheguem ao seu consultório para retirar do que colocar silicone. Muitas delas, conta, vêm com queixas de Asia. “Acredito nos sintomas. A questão é saber se estão relacionados à prótese ou não. Temos de fazer a investigação. Excluindo tudo, retira-se (o silicone), mas sempre falo que não há garantia de que a retirada da prótese melhore os sintomas.”
Miranda atende em Guarulhos e São Paulo e é indicado por outras mulheres que fizeram explantes – faz 350 dessas cirurgias por ano, incluindo pacientes de outras cidades.
(Com Estadão Press)
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