Existe uma frase que circula entre os mais saudosistas e que vende uma máxima assumidamente irretocável a quem vive imerso em nostalgia: a de que “antigamente é que era bom”. Não importa em que década estejamos, paira no ar a ideia de que não tem como as coisas serem como antes porque, afinal de contas, “antigamente é que era bom”.
As facilidades que temos hoje em dia seriam impensáveis no mundo em que alguns de nós vivemos nas décadas passadas. Ir até uma locadora e escolher um filme (apenas um!) durante uma hora, escolhendo às cegas, foi substituído por uma “locadora” inteira dentro da própria TV com streamings como Netflix, Amazon Prime ou Disney+. Escrever compromissos em uma agenda pôde ser facilmente substituído por apenas falar, em voz alta, para qualquer celular ou uma tal de “Alexa” do Echo Dot. E a ideia de comprar um jogo – por cada Natal e, se você tiver se comportado bem, é bom lembrar – já perdeu espaço em um mundo com um serviço que oferece vários jogos, à disposição, por um preço módico de assinatura. Tudo isso, sem sequer possuir o videogame. Sim, é sério.
Estamos falando do xCloud, sistema de jogos em nuvem da Microsoft, através do Xbox Game Pass – o serviço de assinatura dos caixistas. Em suma, o xCloud permite jogar (até o momento) mais de 100 jogos do Xbox direto em celulares, tablets ou em PCs com o Windows 10. Os requisitos são, além da assinatura do serviço, possuir uma internet de pelo menos 10 megabits por segundo (10mbps) ou via 4G do celular, desde que seja de 5 GHz.
A ideia, embora fascinante, não é inovadora: a Google, através do seu projeto Stadia, havia tentado – sem muito sucesso – fazer algo com os mesmos moldes. E se a Google não conseguiu recentemente resolver os problemas graves de conexão ineficaz no Brasil, será que a Microsoft conseguiria? Resolvemos testar. E o resultado foi impressionante.
O último console XBOX que eu tive foi o 360. Ainda meio incrédulo, fiz o que se esperava: baixei no celular o APP do GamePass e assinei o Xbox Game Pass Ultimate (que cobra apenas R$ 5,00 no primeiro mês). A partir daí, mais de 100 jogos são liberados para jogatina e eu resolvi jogar, em pleno feriado de 12 de outubro e em uma internet de 100Mbps, um dos games que sempre quis experimentar: o Killer Instinct, game que saiu pra geração do XBOX One. Após um aviso de que muitas pessoas estariam jogando, imaginei que teria a pior das experiências. Assim que o jogo carregou, a surpresa: foram várias partidas, sem LAG, onde pude me divertir mesmo sem ter um controle específico para celular.
Ainda meio cético, resolvi abrir outro game que sempre quis jogar: Yokaa-Laylee and the Impossible Lair, game feito nos moldes de sucessos como a franquia Donkey Kong Country. Mais uma vez, um resultado agradável: embora estranhe o gameplay direto na tela, todos os carregamentos, comandos e gráficos foram carregados instantaneamente, mesmo utilizando uma internet Wi-Fi.
É claro que nem tudo são flores. Ao testar em outros dias, foi notório perceber que, devido ao grande número de usuários, havia demora no carregamento dos layers de alguns games, por exemplo. Em outros (como o Undertale), não é possível jogar no celular: é preciso conectar um controle e jogar em um PC, por exemplo. Ainda assim, foi impressionante poder jogar, de forma satisfatória, games como Forza Horizon 4, Injustice 2 ou os games das franquias Gears e Halo.
Essa é uma tecnologia que ainda tem muito a evoluir. Porém, fica evidente a importância dos jogos em nuvem e sua assinatura, que oferece diversos títulos por um preço ao alcance do consumidor. Eis que o futuro dos games chegou: quando íamos às locadoras, apenas imaginando um dia ter o tal novo console que havia chegado; Vem 2021 e nos ensina que, agora, nem videogame é preciso ter para jogar seu game favorito. Antigamente era realmente bom. Mas agora está melhor.