Aumento da Selic, mudanças no IOF e possível calote de empresa Chinesa protagonizaram uma semana agitada para a economia brasileira.
Na última semana o COPOM – Comitê de Política Monetária elevou a taxa de básica de juros, a Selic, em um ponto percentual, chegando a 6,25% ao ano. Essa medida visa desestimular o consumo e consequentemente frear a inflação, que segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, acumula variação de 9,68% nos últimos 12 meses.
A Selic funciona como um guia para as demais taxas, desta forma, quanto mais alta, maior a tendencia dos empréstimos ficarem mais caros; desestimulando o consumo e cumprindo com o propósito de desaceleração da inflação.
Há outros impactos econômicos decorrentes da alta da Selic, como por exemplo: apreciação (valorização) do real e consequentemente, queda do dólar; aumento do fluxo de capital oriundo do exterior; e migração dos investimentos de renda variável para a renda fixa.
Outro fator importante que agitou a economia brasileira na última semana foram as mudanças em relação ao IOF – Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), editou um decreto para alterar as alíquotas do IOF, no que se refere às operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas. Para pessoas físicas, a alíquota passará de 3,0% para 4,08%, já para pessoas jurídicas a alíquota anual vai de 1,5% para 2,04%.
Segundo o governo, o aumento da alíquota deve gerar um aumento na arrecadação estimado em R$2,14 bilhões, valor este, que deverá ser destinado a ampliação do programa Auxílio Brasil, programa que substitui o Bolsa Família. A previsão do governo é que 2,4 milhões de famílias passem a ser beneficiadas pelo programa, elevando o número de famílias a um total de 17 milhões.
Por fim, mas não menos importante: o pânico causado pela Evergrande.
A incorporadora imobiliária chinesa, Evergrande, causou pânico na economia brasileira e mundial na última semana devido a notícias de que a empresa poderia calotear sua dívida, que ultrapassa US$300 bilhões.
O mercado financeiro se assustou devido a possibilidade de tal situação desencadear uma nova crise financeira global, assim como ocorreu em 2008, quando o Banco americano Lehman Brothers foi à bancarrota.
O problema com a Evergrande evidencia um conflito que têm acontecido na China há algum tempo: De um lado estão as construtoras, que têm contribuído com o crescimento afrontoso do país tomando muitos empréstimos e aumentando o seu endividamento. E do outro lado, o governo chinês, que tenta impor limites no endividamento dessas empresas por acreditar que estão demasiadamente altos.
O setor de construção representa 25% do PIB da China, sendo assim, uma desaceleração deste setor representaria um impacto em toda economia chinesa. E onde Brasil entra nessa história?! A China é o maior parceiro comercial do Brasil e foi responsável por US$35,4 bilhões de saldo positivo na balança comercial brasileira no ano de 2020.
O Brasil é responsável por uma parte relevante do minério de ferro usado na construção dos prédios chineses e a crise poderá impactar as exportações da Commodity, refletindo negativamente na economia brasileira.