O Exame Nacional do ensino médio está próximo, as provas neste ano vão acontecer nos dias 21 e 28 de novembro. E sabemos que a redação é uma das maiores dificuldades que os candidatos têm, pois além de valer 1000 pontos, o tema só é descoberto quando o participante abre o caderno de questões no dia da avaliação.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de redações nota 1.000 foi baixo na edição do ano passado: somente 28 textos gabaritaram a prova, o que é cerca de 47% menor que a edição anterior, que registrou 53 notas máximas.
Por outro lado, a quantidade de zeros chegou a 87.567, o que representa 3,22% do total. Os principais motivos foram: redação em branco (1,12%), fuga ao tema (0,93%) e cópia do texto motivador (0,46%). No Enem 2019, o número de zeros foi maior, contemplando 143.736 avaliações.
Diante desses dados o portal Web Terra conversou com o professor de língua portuguesa e redação Maurício Alves de Souza que deu dicas de como escrever uma boa redação para o Enem deste ano. Segundo ele, a redação do Exame é um texto, do gênero dissertativo-argumentativo, solicitado no primeiro dia da realização do exame, e tem valor de 1000 pontos. O texto deve abordar o tema solicitado na prova e versa em um problema vivenciado na atualidade, o qual pode estar relacionado às diferentes esferas sociais: educação, meio ambiente, saúde, tecnologia etc.
Sobre a estruturação da redação ele explica que, o texto dissertativo-argumentativo é dividido em três partes. A primeira parte é a introdução, em que o aluno deve apresentar o tema a ser discutido e a tese, isto é, a ideia principal que vai ser defendida ao longo da redação. A segunda parte é o desenvolvimento, feito, geralmente, em dois parágrafos, em que o aluno deve discutir, por meio de argumentos consistentes, o tema proposto. Nesse momento, são levantadas as causas, as consequências ou as principais abordagens do problema em questão. Por fim, a última parte é chamada de conclusão, momento em que o aluno deve elaborar uma proposta de intervenção social para o problema sobre o qual escreveu.
Técnicas usadas para uma boa escrita
Maurício também listou algumas técnicas para o candidato se sobressair na escrita. De acordo com ele, são diversas as técnicas que o aluno pode utilizar para se sair bem na redação do Enem. Uma boa ideia é se ater às competências avaliadas na correção do texto e tentar atender ao que elas solicitam.
A primeira competência avalia o domínio da norma culta, portanto é interessante que o candidato tenha conhecimento das regras gramaticais necessárias à produção textual, sobretudo acentuação, emprego da vírgula, da crase, colocação pronominal, concordância nominal e verbal e regência nominal e verbal. Além disso, é muito importante que o aluno demonstre possuir um vocabulário rico e adequado à produção de uma redação. Para ampliação do vocabulário, a leitura é fundamental. Todos os tipos de leitura podem auxiliar: jornais, revistas, livros literários e, inclusive, redações de alunos que já fizeram o Enem. Nessas redações, é possível encontrar palavras recorrentes na produção desse gênero textual, e o estudante pode acrescentá-las ao seu vocabulário e utilizar em suas produções.
A segunda competência avalia, em primeiro plano, a estrutura da redação e a compreensão do tema. O aluno deve mostrar que conhece a tipologia textual solicitada – de introdução, desenvolvimento e conclusão – e não fugir ao tema. Para isso, é importante se atentar ao tema solicitado e aos textos de apoio que compõem a proposta – eles deixam claras as possíveis abordagens que podem ser feitas pelo candidato em sua redação. Além disso, essa competência também avalia o uso de um repertório sociocultural diversificado e produtivo. O conhecimento sociocultural é aquilo que o indivíduo aprende durante a sua vivência como cidadão: na escola, na igreja, vendo televisão… É importante que, para a discussão do tema, o estudante faça referência a diferentes áreas do conhecimento: história, literatura, dramaturgia, música, entre tantas outras. Basicamente, ele deve mostrar qual a relação existente entre a referência feita e o tema sobre o qual ele está dissertando.
A terceira competência avalia a organização das ideias do aluno na defesa do seu ponto de vista. Para demonstrar essa organização, é necessário que se faça um planejamento do texto antes de escrevê-lo, uma espécie de esqueleto. Ao longo da redação, é importante que as ideias estejam bem articuladas, que as informações progridam e que o ponto de vista do aluno fique claro.
A quarta competência, por sua vez, avalia o uso de mecanismos que garantam a coesão do texto. Para atender a essa competência, o aluno pode utilizar conjunções, advérbios e expressões que operem na ligação das orações e ideias da redação. Outro fator que contribui para alcançar uma boa nota nessa competência é usar os diferentes tipos de coesão para, por exemplo, retomar palavras e expressões e evitar repetições.
A quinta e última competência avalia a proposta de intervenção realizada pelo candidato. Para alcançar a nota máxima, o aluno deve construir um plano de ação que esteja articulado aos problemas que ele discutiu ao longo de sua argumentação e contenha os seguintes elementos: Agente (órgão responsável por colocar a ação proposta em prática), Ação (aquilo que deve ser feito para a solução do problema apresentado), Modo/Meio (a forma pela qual a ação vai ser colocada em prática, uma espécie de metodologia de aplicação) e Efeito (o objetivo ou o resultado da ação caso ela seja colocada em prática). Além disso, é necessário que o aluno faça um desdobramento de um desses elementos, o chamado detalhamento.