11 de setembro: a repórter mineira que esteve no World Trade Center apenas 1 mês antes dos atentados

Juliana tinha apenas 20 anos quando decidiu realizar intercâmbio nos Estados Unidos (Foto: Arquivo Pessoal)
Repórter Juliana Peixoto no Observatório do World Trade Center. Na foto é possível verificar a data registrada pela câmera: 10/08/01. (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Na manhã do dia 11 de setembro de 2001, tudo parecia normal. Pessoas acordaram para ir trabalhar, outras para cuidar dos afazeres da casa. Crianças e jovens tomaram normalmente seu café logo cedo, antes de irem para a escola. A vida seguia normalmente. Mas isso iria mudar rapidamente.

Existe uma máxima que diz que, nos grandes eventos da humanidade, sempre existirão testemunhas oculares que cumprem inconscientemente a função de registrar o momento; as outras, se lembrarão para sempre do que estavam fazendo no momento em que a história mudaria o mundo. Eu fiz parte do segundo grupo, como um dos jovens que rumavam à escola, sem perceber o que estava prestes a acontecer.

Foi há 20 anos, mas me lembro como se fosse hoje. Por ironia do destino, acabei chegando tarde na escola e, barrado pelo porteiro, precisei voltar para casa. Ao chegar, me rendi a uma das poucas fontes de entretenimento que tínhamos na época: liguei a televisão, de tubo, esperando assistir a algum desenho. Em seu lugar, estavam Carlos Nascimento e Ana Paula Padrão que informavam, em um plantão jornalístico, que um avião havia batido em algum prédio dos Estados Unidos. Parecia um grave acidente, em algum edifício com nome difícil de pronunciar. Pouco tempo depois, assisti, ao vivo, o registro do segundo avião atingindo a segunda torre do World Trade Center. Era tão surreal imaginar que o próprio Carlos Nascimento noticiou a nova imagem como uma reprise do primeiro ataque.

A partir daí, a vida mudou. Aquele que seria mais um dia comum se tornou um dia sombrio, de medo, apreensão e de várias vítimas que, infelizmente, perderam suas vidas nos atentados da Al-Qaeda, orquestrados pelo terrorista Osama Bin-Laden. Junto à vida das pessoas, evoluiu também a tecnologia, a fim de evitar no mundo os erros que foram cometidos na segurança de uma Superpotência como os Estados Unidos.

Nos aeroportos, scanners de corpo inteiro conseguem localizar armas e explosivos escondidos. Aplicativos com GPS, podem informar áreas de risco e indicar, pelo celular, áreas seguras à população. Novas ferramentas foram desenvolvidas, inclusive, para monitorar indivíduos específicos e rastrear sua localização. Até itens como biometria e publicidade direcionada – sabe quando acha que o Google está “te ouvindo” quando envia uma propaganda que parece ter sido feita para você? -, tudo isso transformou o mundo em uma rede interconectada, mais detectável que há 20 anos.

Mesmo com uma maior sensação de segurança possibilitada pela evolução da tecnologia, é impossível olhar para o passado e não sentir um arrepio, ante o terror do que aconteceu naquele 11 de Setembro. E essa dor tem um capítulo especial na vida de uma repórter de Belo Horizonte, atual moradora da cidade de Montes Claros – MG, e que esteve nas Torres Gêmeas exatos 1 mês antes do atentado.

Juliana tinha apenas 20 anos quando decidiu realizar intercâmbio nos Estados Unidos (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Você conhece a jornalista Juliana Peixoto. Responsável atualmente pelo divertido quadro Me Chama que eu Vou da InterTV (afiliada Rede Globo) e com passagens por diversas emissoras de Rádio e Televisão, a repórter havia trancado a faculdade de Jornalismo quando decidiu fazer um intercâmbio para os Estados Unidos, em busca de aperfeiçoamento da língua inglesa.

Acolhida pelos “pais americanos”, Peixoto teve a oportunidade de conhecer vários lugares dos Estados Unidos, como a Carolina do Norte ou a região do Texas. E, em determinado momento, pôde conhecer a encantadora cidade de Nova York. “Em agosto de 2001, viajei com o meu irmão americano para que pudesse ter a experiência de conhecer esse centro urbano expressivo dos Estados Unidos. Fiquei por lá 1 semana e pude conhecer a cultura, a correria e o gigantismo da cidade – aquela dimensão que eu ainda não tinha do fluxo de informações e de pessoas. Foi aí que eu tive a oportunidade de ir às Torres Gêmeas”, diz.

A ida foi motivada pelo resgate histórico e pela imponência das torres na maior cidade do mundo. “Fui como turista para conhecer um pouco do que os Estados Unidos representavam e representam até hoje”, completa. A visita aconteceu no dia 10 de agosto de 2001, exato um mês antes dos atentados.

Juliana Peixoto relatou ao Byte Papo o choque que foi acompanhar, apenas um mês após sua visita, os ataques ao World Trade Center. “Eu já estava novamente na Carolina do Norte, onde morava, e foi um grande susto. A minha família americana teve o cuidado de me explicar o que estava acontecendo e eu precisei ficar cerca de 2 meses isolada por conta da instabilidade que os Estados Unidos assumiram em relação aos estrangeiros no país. Me lembro das lágrimas dos meus pais e irmãos americanos pelo sofrimento do que havia acontecido. Graças a Deus não tivemos nenhuma morte próxima, mas percebo que eles viveram um luto sabendo das consequências daquele atentado, que mudaria toda a conjuntura econômica e política, pro resto da vida”.

Passados 20 anos, fica a reflexão da perda de quase 3.000 vidas. “Se os terroristas tivessem antecipado um mês apenas, possivelmente seria uma das vítimas – eu estava lá nas Torres entre 8, 9 horas da manhã. Fica o agradecimento à Deus por ter conhecido o local, as pessoas e a importância de a gente construir a história por meio dos fatos. Quando me lembro do World Trade Center, me lembro das pessoas que idealizaram, viveram o turismo, trabalharam e que, infelizmente, perderam suas vidas”, completou Juliana.


Foto das torres do World Trade Center, tiradas por Juliana Peixoto no dia 10 de agosto de 2001 (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Para saber mais sobre os atentados de 11 de Setembro de 2001, o Byte Papo traz algumas recomendações de documentários / podcasts que ajudam a manter viva a memória das pessoas que partiram. São documentos da história que a gente jamais gostaria de ter vivido.

Documentário: Fahrenheit – 11 de Setembro. Michael Moore. Assista aqui.

Podcast: Outra Estação, da Rádio UFMG Educativa. 11 de Setembro: 20 anos depois. Ouça aqui.

Documentário: 11 de Setembro. Irmãos Naudet. Assita aqui (em inglês).