Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, no Brasil, existem cerca de 30 milhões de animais abandonados; desse total, 10 milhões são gatos e, 20 milhões, cachorros. De acordo com a União Internacional Protetora dos Animais (Uipa), houve um aumento de 400% na procura de animais para adoção durante o período da pandemia de coronavírus, que completou um ano em março deste ano.
A referência é reforçada por grupos e associações que trabalham com o objetivo de amenizar o sofrimento dos animais em situação de abandono e risco nos centros urbanos.
Isolamento
De acordo com a presidente de Associação de Proteção aos Animais Miau Auau, de Goiânia, Camila Amorim, de 34 anos, um dos motivos para o aumento relevante nesses números, foi o período mais incerto da pandemia, quando as pessoas ainda se viam em um isolamento social mais rígido.
“As pessoas não pensavam em adotar animais, mas houve um aumento significativo no primeiro período da pandemia. Quando tudo estava incerto, lockdown, crianças em casa e os pais sem saber o que fazer, havia um acúmulo de energia e, realmente houve uma procura grande. Esse foi o perfil adotante que mais tivemos trabalho, pois foi necessária uma conscientização de que animal não é entretenimento”, afirmou Camila.
“A gente não queria que o animal fosse adotado, por um motivo de distração das crianças. Algumas adoções dessas foram concluídas quando conseguimos conscientizar os pais, mas a maioria não chegou a ser efetivada. Nós, protetores dos animais, resolvemos não finalizar essas adoções porque as famílias buscavam puramente o entretenimento das crianças”, declarou ela, ressaltando que animais carecem de cuidados.
“Já em uma segunda onda da pandemia, do final de 2020 para cá, houve também um aumento significativo na procura pela adoção de gatos. No entanto, a gente já nota que esse perfil mudou. São pessoas que tiveram mais tempo em casa e começaram a avaliar essa possibilidade, que se firmaram no home office, e essas pessoas passaram a enxergar o gato como uma boa companhia”, contou ela.
Segundo Camila, antes da pandemia havia uma busca maior por cães, mas, atualmente, os números estão igualados entre cachorros e gatos. A presidente da associação lembra que é preciso ter muita consciência na hora de adotar um pet, não agir por impulso, para que não haja arrependimento, muito menos, devolução ou abandono desses animais.
Promoção de adoções
Segundo Camila, apesar do aumento expressivo nos números, a pandemia dificultou a promoção de eventos de adoção. De acordo com ela, no período anterior ao coronavírus, a associação realizava feiras mensais, onde era possível reunir várias pessoas com a mesma finalidade.
“Existe uma dificuldade, enquanto voluntários, de promover essas adoções. Antes, a gente conseguia reunir, gerar uma ‘aglomeração’ em torno de uma ação de adoção, o que a gente não pode voltar a fazer com a mesma frequência, até que seja seguro. O nosso tempo hoje é mais escasso, porque não podemos reunir um equipe, uma quantidade de animais e uma quantidade de adotantes no mesmo lugar. Acaba que promovemos as adoções no nosso tempo livre, no horário de almoço do trabalho, aos finais de semana, na cada do adotante, uma de cada vez”, declarou a presidente da associação.
[Com informações de Metrópoles]