Por que a gasolina está subindo no Brasil?

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Em alguns lugares do Brasil o combustível já está sendo comercializado por R$7,00 o litro. Mas quais os motivos para a alta no preço?

 

De acordo com o IBGE, a gasolina acumula alta de 27,5% no ano de 2021 e 37% nos últimos 12 meses. Apesar dos constantes reajustes, o preço do combustível ainda apresenta uma defasagem de 13%, segundo a Ativa Investimentos, indicando que os preços podem continuar aumentando.

Para entendermos os motivos responsáveis pela alta da gasolina, é importante conhecermos os itens que compõem o preço do combustível. Segundo a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, cinco itens compõem o preço da gasolina, sendo eles:

  • O preço de produção (refinarias da Petrobrás e importadores);
  • O preço do etanol (a gasolina que chega aos postos contém 27% de etanol anidro em sua composição);
  • Tributos Federais (PIS, Cofins e Cide);
  • Imposto Estadual (ICMS); e
  • Custos de Distribuição, transporte e revenda.

 

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Ao contrário do que muitos sugerem, a alta da gasolina não se deve principalmente ao ICMS, existem outros fatores que influenciaram mais o preço final, como veremos adiante. O peso do ICMS no preço final do combustível aumentou, apesar de as alíquotas permanecerem inalteradas, o imposto é cobrado ad valorem (percentual calculado sobre o preço de venda), sendo assim, o próprio aumento do preço final faz com que o peso do ICMS aumente em relação ao preço final.

Um dos fatores que mais impactam o preço da gasolina é o acordo firmado entre os membros da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo que restringe a produção de petróleo durante a pandemia, visando equilibrar os preços ante a queda da demanda causada pelo isolamento social. Tal acordo diminui a oferta de petróleo, pressionando o preço da commodity para cima.

Outro fator importante é a alta do dólar. A Petrobrás fornece o combustível para as distribuidoras e calcula o preço nas refinarias com base na cotação do petróleo no mercado internacional e na taxa de câmbio, devido ao fato de a commodity ser cotada em dólar. Desta forma, a cotação do dólar também impacta o preço da gasolina. De maneira resumida, a Petrobrás atrela os preços praticados no Brasil ao valor do barril de petróleo no mercado internacional, cobrado em dólares. Com o dólar alto, os preços no Brasil também sobem.

Há também o impacto causado pela alta do etanol anidro que apresentou alta de 5,18% de acordo com o último levantamento semanal feito em São Paulo pela Universidade de São Paulo (USP). No ano, a variação chega a 56,5%. A principal razão é o resultado da safra de cana-de-açúcar que veio abaixo do esperado devido à crise hídrica. Diante disso, a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê redução de 9,5% na colheita de cana e de 10,8% no volume total de etanol.

A gasolina tem peso de 3,87% no IPCA (principal índice de inflação do Brasil), ou seja, além de pesar no bolso dos consumidores, o aumento no preço do combustível impacta diretamente a inflação, que já acumula alta de 8,59% nos últimos 12 meses.

Além dos motivos responsáveis pela alta da gasolina, outra questão que tem sido discutida é se o governo deve ou não intervir diretamente na situação.

No passado, o governo costumava intervir no preço da gasolina por meio da Petrobrás. Contudo, essas intervenções não são recomendáveis, segundo analistas, uma vez que apesar de ser uma empresa estatal, a Petrobrás é uma companhia de capital aberto, e tais intervenções podem causar prejuízos aos demais acionistas. Além disso, segundo economistas, as intervenções inibem investimentos não só na Petrobrás, mas no setor como um todo, pois indicam baixa previsibilidade ao mercado.