Começa hoje às inscrições para a seleção temporária de psicólogos e assistentes sociais na Rede Municipal de Ensino

Foto: Sala de aula / Fábio Marçal

O abandono do ensino é um problema recorrente no cenário educacional brasileiro. Com a pandemia da Covid-19, essa realidade teve um crescimento disparado em relação aos anos anteriores. A Secretaria de Educação da Prefeitura de Montes Claros visando reverter esta situação, abriu um processo seletivo para trabalho temporário de assistentes sociais e psicólogos.  Segundo o município, o objetivo é que os contratados trabalhem auxiliando servidores da Educação, estudantes e seus familiares. As inscrições começam hoje e vão até o dia 6 de setembro.

Conforme relatório divulgado pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef) no ano passado, a quantidade de alunos, com idades entre 6 e 17 anos, que abandonaram as instituições de ensino foi de 1,38 milhão, o que representa 3,8% dos estudantes. A taxa é superior à média nacional de 2019, quando ficou em 2%, segundo dados da Pnad Contínua.

De acordo com Rejane Veloso, Secretária de Educação de Montes Claros, só no período de março até em Julho, foi registrado no município, uma evasão de 500 alunos no ensino fundamental, do 1º ao 5º e 6º ao 9º.

“Estamos disponibilizando duzentas vagas para psicólogos e outras duzentas para assistentes sociais, para o ensino infantil e também o fundamental. Sabemos que até 31 de dezembro é um período bastante curto para solucionarmos todas as demandas, por isso estamos contratando uma quantidade maior para realizarmos um trabalho intenso nesse pouco tempo. Esses profissionais serão distribuídos entre zona urbana e zona rural para tentar combater o máximo da evasão e atingir a aprendizagem das crianças e jovens. Esperamos assim, minimizar um pouco a deficiência que ficou com a pandemia”, pontuou a secretária.

Rejane informou também que os profissionais contratados irão buscar ativamente alunos infrequentes ou evadidos; acompanhar o processo de rematrícula dos alunos e evadidos; combater o trabalho infantil; conscientizar estudantes e familiares sobre a responsabilidade de garantir o direito ao ensino; e ouvir servidores da educação e alunos em suas dificuldades pessoais.

Ranielson Alves Ferreira é assistente social e fala da importância de se ter na política de educação o acompanhamento social por parte de pessoas habilitadas com essa formação.

“A inserção do assistente social nas escolas já é uma luta bem grande e antiga. A participação deste profissional ajuda evitar a evasão escolar, como também sana algumas dificuldades dos alunos, que muitas vezes não são olhadas no dia a dia. Sabemos que os professores por si, não têm essa capacidade de olhar o âmbito social do aluno em casa, de saber como tem sido para ele conseguir estar na escola, porque em alguns casos, não é uma situação fácil. Muito se fala em educação, mas é importante permitimos também o acesso à ela. No Brasil a educação é gratuita, mas ainda é muito falha, negligente para com nossos docentes e crianças.”, diz o assistente.

Ainda segundo Ranielson, existem outras dificuldades como, por exemplo, a questão social, muitos alunos passam dificuldades em casa, tem conflitos familiares, e esses estudantes precisam de uma atenção maior, é preciso zelar pelo seu emocional.

“Já presenciei situações do aluno ir à escola exatamente por causa da merenda. Atualmente as instituições disponibilizam um lanche escolar razoável, mas que ainda não garante certo nível de alimentação saudável, porque essas crianças não têm acesso a uma alimentação periódica em suas casas, então busca na escola uma forma de suprir essa necessidade. Já ouvi um relato dentro de uma escola que trabalhei, onde um adolescente pediu mais um prato de merenda para guardar para o irmãozinho que passava fome em casa. Isso me deixou bem comovido, pois ele era um aluno que tinha ótimas notas, mas nos últimos meses o rendimento escolar dele havia caído bastante. Então o papel do assistente é fundamental para saber o porquê essas notas caíram? O que esse jovem necessita para o convívio social dele ser melhor? Ele enfrenta dificuldades com transporte para ir até a escola? Ele tem condições de comprar materiais didáticos para estudar? Nós enquanto profissionais fazemos toda essa análise social, não podemos deixar que esses problemas externos, acarretem em uma repetência ou desistência do ano letivo. Trabalhamos em cima do problema para garantir que os alunos têm real acesso à escola e principalmente a educação”.

Para a psicóloga infantil, Patrícia Daniela Ruas, esse processo seletivo é uma conquista enrome para a classe, ela defende que ter um psicólogo em um ambiente escolar é de extrema importância, pois, além de auxiliar nas demandas da instituição, o profissional também presta apoio para os alunos que estão com dificuldades de aprendizado, problemas emocionais e também aos pais, que muitas vezes, não sabem como agir.

“O papel do psicólogo no âmbito escolar é benéfico de diversas formas, além de atuarmos na gestão escolar, criando estratégias para solucionar problemas, somos também agentes de mudança, buscamos promover a reflexão e a conscientização de todos os envolvidos na comunidade escolar. Ajudamos a identificar e diagnosticar situações críticas dentro deste ambiente e assim, desenvolvemos ações para apresentarmos soluções.

A psicóloga acrescenta ainda que existem outras formas de atuação, como por exemplo, os cuidados do emocionais, tanto dos alunos como também dos professores, diretores e até dos pais.

“Todos podem receber apoio, inclusive os responsáveis pelos alunos. O psicólogo pode orientá-los sobre como lidar com questões críticas da infância e da adolescência, dentre outros. A psicologia defende que a vida humana passa por estágios diferentes, então é muito importante acompanhar os principais estágios e a escola é o momento mais importante para as crianças e adolescentes, é exatamente nesta caminhada que elas estão conhecendo o mundo, se formando como pessoas”, afirma.

Foto: Sala de aula / Fábio Marçal

Lei nº 13.935/2019

Publicada no Diário Oficial da União em 12 de dezembro de 2019, a Lei n.13.935/2019 dispõe sobre a prestação de serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica. De acordo com o texto, as redes públicas de educação básica contarão com serviços de psicologia e de serviço social para atender às necessidades e prioridades definidas pelas políticas de educação, por meio de equipes multiprofissionais que deverão desenvolver ações para a melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, com a participação da comunidade escolar, atuando na mediação das relações sociais e institucionais.

Processo seletivo em Montes Claros

Os interessados poderão realizar sua inscrição entre as 8 horas do dia 3 de setembro e as 17 horas do dia 6 de setembro, exclusivamente pelo site oficial da Prefeitura de Montes Claros. Dez por cento das vagas serão destinadas a candidatos com necessidades especiais. A contratação será para o ano letivo de 2021 e o prazo de vigência do contrato será de até 12 meses, sendo admitida a sua renovação por igual período, a critério da Secretaria de Educação.

A seleção se dará pela análise de títulos e pelo tempo de experiência profissional informado pelo candidato no momento da inscrição. A experiência profissional deverá ser comprovada através de registro em carteira de trabalho, contrato ou declaração da empresa, com carimbo e assinatura do responsável pela instituição, ou declaração do órgão público oficial que comprove a experiência no cargo pleiteado. Caso o candidato não consiga comprovar as informações alegadas no momento da inscrição, será eliminado do processo.

Informações

Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 2211-8358.

 

 

 

 

Leila Santos
Graduada em Jornalismo pela Funorte, Leila tem uma sólida trajetória na comunicação, com vasta experiência em diversos veículos de imprensa. Atualmente, faz parte da equipe do Portal Webterra, onde se destaca pela entrega de informações precisas e relevantes, sempre comprometida com a qualidade e a integridade jornalística.