As queimadas e o desmatamento próximos às áreas urbanas estão causando um desequilíbrio ambiental. Uma das consequências disso é a fuga de animais silvestres para as cidades, colocando em risco a segurança da população.
Em Montes Claros o Corpo de Bombeiros quase todos os dias registra ocorrências de captura desses animais no meio urbano. O Sargento Kollek Pereira é 2º Tenente do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais e destacou que entre as espécies encontradas na região Norte do Estado, os animais mais comuns são: saruê, cobras, ouriço-cacheiro, iguanas, aves (coruja, gavião), macacos de pequeno porte e jacarés.
Para o Engenheiro Florestal Deivison Teixeira, os animais têm vindo para as áreas urbanas principalmente devido às intervenções antrópicas no habitat natural dos mesmos e que também devido os empreendimentos urbanos e as cidades têm avançado sobre as áreas verdes e florestas, diminuindo substancialmente as áreas de abrigo e alimentação para os animais.
“Não só o desenvolvimento urbano, mas ações de degradação como as queimadas, a supressão de espécies nativas que serviriam de alimento para fauna, a contaminação e descarte de lixo em áreas naturais, entre diversos outras ações, tem feito os animais migrarem para as áreas urbanas, principalmente atrás de alimento e ou proteção nos poucos espaços verdes que as cidades tem mantido”.
O Corpo de Bombeiros informou ao portal Web Terra o número de ocorrências atendidas no ano passado:
Tabela 01: Ocorrências de Captura de animal Silvestre em 2020 | |||||||||||||
DESCRIÇÃO DA NATUREZA | JAN | FEV | MAR | ABR | MAI | JUN | JUL | AGO | SET | OUT | NOV | DEZ | TOTAL |
Captura de Animal Silvestre | 31 | 34 | 39 | 44 | 47 | 27 | 21 | 21 | 34 | 53 | 61 | 48 | 460 |
Dados: Corpo de Bombeiros Divulgação
Tabela 02: Ocorrências de Captura de animal Silvestre de Jan a Jul de 2021 | |||||||||||||
DESCRIÇÃO DA NATUREZA | JAN | FEV | MAR | ABR | MAI | JUN | JUL | AGO | SET | OUT | NOV | DEZ | TOTAL |
Captura de Animal Silvestre | 50 | 48 | 83 | 75 | 69 | 33 | 32 | — | — | — | — | — | 390 |
Dados: Corpo de Bombeiros/ Divulgação
Fazendo um comparativo com os dois semestres de 2020 com o 1º semestre deste ano, o total de ocorrências quase que se igualou.
Para realizar a captura de um animal silvestre é necessário tomar os devidos cuidados já quem cada um possui a sua defesa própria. Kollek explicou que o CBMMG entende como animal silvestre, todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham a vida ou parte dela ocorrendo naturalmente dentro dos limites do território brasileiro e suas águas.
Para os primeiros minutos, o solicitante deverá informar ao Corpo de Bombeiros, através do número 193, o endereço exato da ocorrência, com ponto de referência. Informar também a espécie do animal, tamanho e demais características para que facilite a identificação. Até a chegada da guarnição deverá manter uma distância segura e monitorar o animal.
“O Corpo de Bombeiros utiliza equipamentos conforme o animal a ser capturado. Os materiais mais comuns são o puçá, a pinça, cambão, gancho, laço, redes, cordas, além da caixa de transporte. Tão importante quanto os equipamentos são as técnicas utilizadas e os equipamentos de proteção individual”.
O Sargento também destacou também a importância de ligar para os Bombeiros e aguardar a chegada da guarnição, pois a mesma possui militares treinados, com equipamentos e EPIs adequados para captura, manejo e destinação desses animais, de forma, a não gerar estresse ao animal e nem risco as pessoas.
Riscos para as espécies
Deivison explica que esta “invasão” traz vários riscos para a existência das espécies; para ele entre os riscos estão, a morte desses animais por atropelamento nas vias públicas, envenenamento dos que acabam buscando resíduos tóxicos como alimento com a escassez dos alimentos naturais das florestas, predação em espécies não típicas de cadeia alimentar da espécie, morte de animais em cercas elétricas e em outras estruturas urbanas, além do risco desses animais trazerem para os seres humanos doenças, que não seriam ocasionadas se os animais estivessem em seus espaços naturais com alimento e abrigo disponível.
Ele ressalta que a preservação dos espaços naturais dos animais é crucial pois permite uma permanência e sobrevivência saudável da fauna, que interage diretamente com a flora, desempenhando papéis importantes também para os humanos, como por exemplo a dispersão de sementes nos ambientes permitindo a propagação de espécies nativas nas áreas.
“Além disso a preservação dessas áreas diminui as chances da busca desses animais por alimento e abrigo em áreas de risco para as espécies nos ambientes urbanos, diminuindo ainda as chances de possíveis doenças que seriam trazidas para o homem.