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Em tempos de isolamento social, estar ativo é essencial para manter uma boa saúde, seja física, mental ou emocional. Os cuidados devem ser para todos, entretanto, os idosos são apontados como grupo de maior risco para o coronavírus, devido as complicações presentes na idade avançada.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o estilo de vida, um fator essencial para se ter uma boa saúde, especialmente nos idosos. Segundo OMS, o impacto positivo da atividade física não é limitado apenas à saúde física, como auxilia também na melhora da postura e equilíbrio, diminuição do risco de doenças cardiovasculares, neoplasias e proporciona benefícios psicológicos, melhora da autoestima, diminuição do risco de depressão, ansiedade e estresse.
Educadores físicos orientam como os idosos podem se exercitar dentro de casa, com indicações para que a prática de atividades não ultrapasse os limites do corpo de cada um, e sem riscos. O importante é não ficar o dia todo deitado, apenas em frente à televisão.
Dalleyane Almeida é formada já há 12 anos em Educação Física pela Universidade Estadual de Montes Claros. Em aproximadamente, 6 anos, ela trabalha com grupos da terceira idade e por acompanhar de perto a situação e desenvolvimento de cada um, ela afirma que as atividades são de extrema importância.
“A prática de atividades físicas nessa fase da vida é primordial, visto que os idosos vão tendo perdas ósseas e musculares ao longo da vida. A tendência é surgir comorbidades, como a diabetes, hipertensão. Fora que infelizmente, nesta fase vem a solidão que acaba trazendo problemas como ansiedade, depressão. Então existe formas deles se exercitarem em casa, claro, mantendo todos os cuidados, o importante é eles não ficarem totalmente parados”, diz a educadora.
A profissional disse ainda que é possível já no início da rotina de treinos perceber, que muitos desses problemas relacionados a idade são melhorados.
“Vejo muitos exemplos de pessoas que após executar as atividades tiveram a diabetes, hipertensão e humor melhorados e controlados, muitos até diminuem o uso de medicamentos. Até o risco de quedas é reduzido, isso porque os idosos trabalham a coordenação motora e consequentemente a força muscular, que ajuda a manter a densidade óssea. Outra grande melhora é na questão psicológica, com o passar da idade os idosos se sentem sozinhos e com as atividades em grupos, eles diminuem a solidão e quadros depressivos e fazem novas amizades.
Valdemira Alcântara dos Santos, tem 68 anos, e pratica atividades físicas desde os 60 e há três, faz parte de um grupo que tem o objetivo de melhorar e aumentar a qualidade de vida das pessoas com idade mais avançada. Segundo ela, infelizmente devido a pandemia, as aulas do grupo para a 3° idade que ela frequentava foram suspensas.
“Já prático atividades físicas há 8 anos, mas por causa do isolamento, tivemos que suspender as aulas do grupo que eu participo, uma pena, mas eu continuo fazendo a minha caminhada, meus exercícios físicos na maneira do possível.”, conta a idosa.
Valdemira diz ainda que a vida dela mudou literalmente após incluir as atividades em sua rotina.
“As atividades físicas são tudo na minha vida. Após eu criar o hábito de me exercitar, eu percebi que tudo em mim mudou. Não penso em parar nunca mais de praticar exercícios, eles me proporcionam saúde”.
Patricia Godoy é da Referência Técnica à saúde do Idoso pela secretaria Municipal de Saúde e idealizadora de um projeto voltado para a terceira idade na cidade.
“O projeto começou após eu fazer minha especialização na área da Saúde da família na UFMG. Na tese que defendi, meu objetivo era promover a qualidade de vida aos mais idosos e consequentemente diminuir a ida deles a unidade básica de saúde. Meu professor da especialização gostou tanto que me pediu para fazer isso acontecer na prática. A escolha pelos idosos se deu, exatamente por ser um grupo que enfrenta uma fase mais vulneráveis, são inúmeras perdas e mudanças no estilo de vida, isso faz com que eles fiquem mais frágeis e deprimidos. No início alguns não iam, eu tinha que ir até a casa deles, buscar e levar”.
De acordo com Patricia, as reuniões começaram nas quintas-feiras, lá eles promoviam o alongamento, prática de exercícios, a socialização entre eles e abordavam vários temas de autoestima, depressão, de angústia.
“Todos os encontros são momentos muito prazerosos. A ideia deu tão certo que eu comecei a apresentar esse projeto em algumas empresas da cidade e conseguir alguns recursos para manter a ideia ativa. Tive apoio de empresas de ônibus que nos ajudavam durante passeios, tive auxílio de uma padaria que contribuía com os lanches, dentre outras empresas que são de extrema importância para a manutenção desse projeto”, conclui a idealizadora.