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O abuso sexual é responsável pelo sofrimento intenso e uma série de traumas a curto e a longo prazo na vida de uma criança ou adolescente. De acordo com especialistas, aqueles que deveriam proteger, em muitos casos, são os responsáveis pelo sofrimento.
O agressor, geralmente está dentro da casa da vítima ou próximo. No entanto, não há perfil específico para um abusador.
J’asmily Araújo, é Psicologa Social e Clínica, e especialista em atender vítimas de abuso. Segundo ela, é complicado identificar o perfil da pessoa que pratica esses crimes.
“Olhar para a sociedade e procurar um perfil de abusador é difícil, porquê naturalmente ele é uma pessoa comum, normal aos olhos das outras pessoas. O abusador pode ser tanto homem, quanto mulher.”, diz a psicóloga.
Ainda de acordo com J’asmily, diferente do que todos pensam, o abusador não é uma pessoa com traços da personalidade preservada.
“Não existe um esteriótipo específico, abusadores nem sempre é aquela pessoa mais calada e obscura, igual o que a gente ver nos desenhos de monstros na televisão. O abusador é uma pessoa que a gente consegue conviver tranquilamente no dia a dia, é alguém que tem uma profissão, uma rotina social, um representante de família, e algumas vezes é uma pessoa moralista dentro de casa, defensor das regras e bons costumes, alguém intelectual.”, afirma.
Existem estudos que comprovam que os abusadores são pessoas comunicativas, que trabalha, que diz ser de uma religião, e que frequenta a casa da vítima. Em muitos casos, eles são envolvidos em programas e projetos sociais, onde estão sempre circulando no meio de pessoas e aproveitam do ambiente para conseguir aproximar das vítimas.
Theresa Raquel Bethônico Corrêa é Coordenadora da Rede de Enfrentamento à Violência contra Mulheres de Montes Claros e servidora do Hospital Universitário Clemente de Faria (HU), ela tem contato direto com vítimas de abusos. Para ela, o abusador é sempre alguém muito próximo.
“Na maioria dos casos, a pessoa que pratica essa violência é um pai, um padrasto, um tio, um vizinho ou alguém em que a família e as crianças convivem e confiam, é aquela pessoa acima de qualquer suspeita”.
Ainda segundo Theresa, o abusador tem o costume de ameaçar a vítima e fazer chantagem.
“Ah não adianta você falar que ninguém vai acreditar em você. O ”tio” só fez um carinho, só te deu um abraço, mas se você falar eu vou machucar sua família. Eles sabem criar essa relação de medo e confiança na cabeça da criança, e ela não entende o que tá acontecendo, não tem maturidade suficiente para assimilar as coisas e denunciar.”