A classe artística de Montes Claros está inconformada com o Prefeito Humberto Souto (Cidadania), e não é pra menos, já que o ramo de entretenimento desde quando surgiu a pandemia é o mais afetado. Para pressionar ainda mais “Bertinho”, os músicos e apoiadores estão fazendo uma manifestação por várias ruas do Centro da Cidade.
Na manhã deste sábado (15), vários artistas se reuniram com cartazes, faixas e apitos pelo direito de voltar a trabalhar. Segundo André Felipe Brossi, um dos organizadores, vários serviços já foram flexibilizados, com medidas de seguranças que eles também podem seguir.
“Os bares estão cheios e os músicos não podem trabalhar, não temos dignidade, não podemos ficar em paz”.
A falta de diálogo tem causado bastante tensão entre a categoria e o município. O movimento começou nas redes sociais em busca de posicionamento do prefeito e logo tomou força. Vale lembrar que, quando a equipe do prefeito os convidou para participar dos jingles de campanha, se dispuseram a ajudar o “véio”. Mas, agora, esses mesmos artistas clamam por socorro, uma vez que já se acumulam 14 meses sem entrar capital. Paralelo a isso, as contas só aumentam.
A cantora Bárbara Lopes, Zureba e Kaio Marques e Nataly, uma das duplas sertanejas mais conhecidas da região que participou, inclusive, recentemente, de um Reality Show em âmbito nacional levando o nome da cidade para todo o Brasil, se manifestaram nas redes sociais: “exigimos um posicionamento do Sr. Prefeito, Secretário de Cultura e procurador da cidade por punirem tantos pais de família que dependem desta atividade para sua sobrevivência. Na hora de apoiar estávamos lá, e para cobrar, estamos aqui também”.
O vírus atingiu o Brasil e o mundo, com potencial muito mais elevado que as bombas de Hiroshima e Nagasaki, que são consideradas o maior genocídio que a humanidade assistiu impotente e que deixou os responsáveis impunes. Não se pode precisar o número de mortes que essas bombas nucleares causaram, já o do Coronavírus, no Brasil, até a manhã deste sábado (15) já contabilizava 432.628.
Sem dúvidas, uma das classes mais profissionais mais afetadas pela COVID-19 foi a dos músicos, já que shows foram cancelados em todos os cantos do planeta, e é claro que isso ocasionou um impacto profundo na vida dos artistas.
No Brasil, 15.519.525 se contaminaram e o número de recuperados chega a 14.028.355. A boa notícia é que mesmo com o índices em patamar alto, o País registrou uma ligeira redução nas mortes nas últimas semanas, e por isso foi possível flexibilizar setores que ainda estavam privados de funcionar.
Em Minas Gerais, o Governador Romeu Zema, através do Minas Consciente incluiu 14 macrorregiões na onda vermelha (Centro, Centro-Sul, Leste, Leste do Sul, Nordeste, Noroeste, Oeste, Sul e Triângulo do Sul); e cinco na amarela (Norte, Sudeste, Triângulo do Norte, Vale do Aço e Jequitinhonha).
Isso só foi possível graças à queda na incidência e na ocupação de leitos. Em Montes Claros, maior cidade do Norte de Minas, de acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado nesta sexta, a taxa de ocupação dos leitos clínicos SUS era de 83%; índice considerado em alerta, a de UTI adulto SUS 59% e os leitos clínicos de convênio e particular de 43%.
Com os números em queda, no acumulado ao longo dos dias, o Prefeito Humberto Souto decidiu autorizar a reabertura de quadras esportivas; campos de futebol dentro de clubes de recreativos, além de clubes de serviço. Souto também permitiu a prorrogação do funcionamento das feiras livres, retorno das aulas presenciais e por aí vai. A única classe que está à míngua, foi a que mais o apoiou para eleição do seu segundo mandato, a artística.
Os bares estão funcionando depois de muita briga dos empresários com a administração, mas os Shows, não, e isso já dura mais de um ano. Eles estão se virando como podem para garantir renda e o sustento da família. A situação está bem difícil para todos, eles vivem da música e se tocar ganha, senão toca não ganha, uma lei natural que vale para todos os tipos de trabalho.
O movimento dos artistas nas redes sociais ganhou apoio do público. Uma internauta comentou, “tem meu apoio, e que bares e restaurantes e demais locais que são de trabalho de vocês se mobilizem para garantir a segurança e cumprimento das normas de vigilância sanitária. Com responsabilidade, todos podem trabalhar dignamente”.
Outros músicos também protestaram pelas redes, já que ninguém consegue entender qual a lógica do prefeito de sacrificar, atualmente, a categoria que está sendo a mais atingida em termos econômicos. Como se não bastasse, as dificuldades financeiras tem afetado, ainda, o emocional deles. É o que aponta um levantamento da ONG britânica Help Musicians que conduziu um estudo com diversos músicos que apontam que 87% dos entrevistados disseram que a sua saúde mental deteriorou nesse período. Outros 70% dos que conversaram com a organização disseram que não tinham condições de se sustentar.
Está exacerbado, para todo mundo ver: a pandemia não mata só com o vírus, mata com a fome, com a depressão. As pessoas não querem só comida, também querem arte. Mas, até o momento, os músicos de Montes Claros estão sem nenhum dos dois.