Empresária e mãe na pandemia
Conciliar maternidade e carreira é um dos grandes desafios da mulher moderna. No caso de mães empreendedoras, o tempo precisa ser dividido entre atividades como alimentar, levar e buscar os filhos na escola ou ao pediatra e a administração da empresa, que inclui gestão de pessoas, atendimento aos clientes, entre outras demandas. O que acontece quando, repentinamente, essas atribuições são multiplicadas?
Em outubro de 2018, recém-chegada a Montes Claros vinda de São Paulo para ser sócia da Espaço Laser, Amanda Scarpin de Assis, de 34 anos, já era mãe de Alice – então, com sete anos. A empreendedora viu sua vida dar uma reviravolta ao ser surpreendida com a notícia que seria mãe de gêmeas.
Ainda na capital paulista, onde trabalhou por dois anos e meio como funcionária da mesma franquia, Amanda e o marido André Miranda tentaram, sem sucesso, ter um segundo filho. Por recomendação médica, ela se submeteu a uma cirurgia bariátrica para aumentar as chances de engravidar.
A empreendedora conta que, com o procedimento, emagreceu 35 quilos. Mas, focada no novo empreendimento, não esperava que o resultado chegasse tão rápido. Cinco meses depois, Amanda estava grávida.
“Foi um grande susto pra mim e meu marido, porque a gente queria muito ter outro filho, mas não esperávamos que fosse naquele momento – e ainda gêmeas. Ficamos preocupados e com muito medo, pois tínhamos acabado de mudar para uma cidade onde não conhecíamos ninguém. Não sabíamos como seria cuidar de dois bebês e trabalhar”, conta ela, que também administra, a distância, uma franquia em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.
Nos primeiros meses de vida das gêmeas Clara e Valentina, foi preciso recorrer ao apoio de familiares. Envolvida com as filhas e com a administração da clínica, Amanda recebeu a ajuda da mãe e da sogra, vindas de São Paulo, que se revezaram para ajudar nos cuidados com as meninas.
Pandemia
Depois que as avós foram embora, a jornada dupla ficou ainda mais difícil. No entanto, com o apoio do marido André, da filha Alice e de uma babá, Amanda conseguiu conciliar as funções de mãe e empresária. As coisas estavam se acertando, quando surgiu a pandemia do novo coronavírus.
“A chegada da pandemia foi uma fase bem difícil, porque as bebês ficaram sem poder ir para a creche. Eu tive que fechar as portas das minhas duas clínicas e administrar, a distância, os sete funcionários que tinha em cada uma delas. Tive que me desdobrar no trabalho on-line, gerenciando o negócio de casa, e ainda conciliar tudo com os afazeres domésticos, como fazer comida, lavar roupa e cuidar das crianças. Foi uma loucura, mas eu consegui. Ainda está difícil, porque as escolas não estão funcionando, mas a gente vai se virando como pode”, descreve a franqueada.
Recompensa
Amanda segue sua missão e se sente realizada como mãe e empresária. Hoje, ao ver Alice, com nove anos, e as gêmeas Clara e Valentina, com um ano e 10 meses, ela considera que a jornada dupla não é um fardo, mas uma vitória. “Chegar em casa e ouvir um ‘mamãezinha, eu te amo’ é muito gratificante e não tem preço. Nesse momento a gente esquece todos os problemas e as dificuldades do dia a dia”, declara, se deixando levar pela força do amor de mãe.
Para a analista do Sebrae Minas Hebbe Mendes, acostumada a convier e apoiar tantas mulheres que se desdobram para empreender, a história da Amanda é uma inspiração. “Ela é um exemplo de que é possível se organizar e dividir entre o trabalho, o marido e os filhos. Aquelas que têm a veia empreendedora e o sonho de ter seu próprio negócio buscam capacitação e correm atrás dos seus objetivos. Ser mãe e empreender é ser vencedora”, destaca Hebbe.