Biblioteca comunitária publica livros de escritores de Pirapora e Buritizeiro

Os primeiros livros do selo editorial Tamboril serão dedicados ao público infantil.

Autor Geraldo Magela lança em 21 de abril o livro Manhã Sinfônica, ilustrado pelo artista piraporense Vinícius Ribeiro.

A Biblioteca Comunitária Tamboril, localizada em Pirapora, no Norte de Minas, anunciou nesta semana a publicação de nove livros de autores locais. Entre os escritores que terão obras publicadas pela Biblioteca estão Edson Lopes, poeta, educador e autor de quatro livros de poemas, que agora lança seu primeiro livro de crônicas pelo selo literário Tamboril. Os poetas Emmanuel Costa Lima, Anízia Caldeira e Brenda K. Souza, terão seus livros de estreia lançados nos meses de maio e junho de 2021. Uma coletânea de textos do cordelista Gardel, falecido em 2020, também será publicada pelo Clube Tamboril, como homenagem ao grande poeta popular barranqueiro.

Os primeiros livros do selo editorial Tamboril serão dedicados ao público infantil. O autor Geraldo Magela lança em 21 de abril o livro Manhã Sinfônica, ilustrado pelo artista piraporense Vinícius Ribeiro. Manhã Sinfônica apresenta para os leitores da primeira infância a beleza da diversidade dos pássaros, abordando para os pequenos a questão ambiental por meio da paisagem sonora formada pelo canto dos passarinhos da fauna brasileira.

Outros lançamentos infantis que se seguirão serão Ciranda das Frutas (Rafael Oliveira), Mistério (Charmene Sopas) e Figurinhas Carimbadas (Edson Lopes), todos estes escritores são de Pirapora-Buritizeiro e fundadores da Biblioteca Comunitária Clube Tamboril.

A publicação dos livros foi viabilizada com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Lei Aldir Blanc, que descentralizou recursos do Fundo Nacional de Cultura fazendo chegar o aporte financeiro para a produção e difusão de produtos culturais, como os livros publicados pela Biblioteca Clube Tamboril, que faz parte da Rede de Pontos de Cultura de Minas Gerais.

Parte dos livros será doada para alunos de escolas públicas e ONGs do município e outra parte será vendida, contribuindo com a geração de receita para a manutenção da Biblioteca Comunitária. Além das publicações, a Biblioteca Comunitária realizará uma série de microprojetos culturais para formar leitores, mediadores de leitura e novos escritores. Para conhecer as publicações Tamboril e acessar os materiais educativos e complementares de cada livro, acesse o site editora.clubeliterariotamboril.com/home/ e siga o Clube Literário nas redes sociais.

TRABALHO DE PROMOÇÃO DO ACESSO À LEITURA EM MEIO À AMEAÇA DE TAXAÇÃO DE LIVROS

Com a publicação de livros de autores da comunidade, o Clube Literário Tamboril está avançando no cumprimento de sua missão institucional, que é democratizar o acesso ao livro e à literatura entre a população mais carente das cidades de Pirapora e Buritizeiro. Entre as atividades desenvolvidas pela Biblioteca Comunitária que contribuem para tornar o livro mais acessível estão os empréstimos de livros, as oficinas de mediação de leitura, a criação de pontos de leitura (Gelotecas) na periferia da cidade, a formação de escritores por meio de oficinas de escrita literária, a doação de livros infantis para alunos de escolas públicas e a realização de programação literária anual.

Para Rafael Oliveira, fundador da Biblioteca Comunitária, “a formação de leitores é dificultada pela falta de bibliotecas públicas, pela deficiência de acervo e de profissionais nas bibliotecas escolares, pela inexistência de livrarias físicas nas cidades onde o Tamboril atua, e, ainda mais, pelo alto custo dos livros impressos. Tudo isso impede que leitores de baixa renda possam acessar livros literários. Por isso, nosso trabalho prevê não somente o empréstimo das obras do acervo, mas, também, as programações formativas, culturais e a publicação de livros de escritores de Pirapora e região.”

O Clube Tamboril se tornou selo editorial para ampliar a democratização do acesso ao livro e promover a geração de renda para a sustentabilidade dos projetos da Biblioteca Comunitária. Mas, além de todas as dificuldades que tornam a literatura algo distante das populações de baixa renda, os escritores, editoras, bibliotecas comunitárias e distribuidores de livros alertam para mais um fator que pode tornar o acesso ao livro ainda mais difícil: o anúncio da intenção de taxação do livro literário por parte do Governo Federal.

No Brasil, os livros não pagam tributos desde 1946. A Constituição Federal, promulgada em 1988, quando garantiu essa isenção tributária, ressaltou o valor da literatura como bem comum e a importância de se tornar o livro um produto mais acessível para todos os brasileiros. Entretanto, na contramão da necessidade de formar mais leitores e escritores, fomentando o mercado editorial e a economia da cultura no setor da literatura, o Governo Federal anunciou em 2020 a intenção de taxar o produto LIVRO em 12%.

Após mobilização da sociedade civil contra o anúncio do Ministro da Economia, a proposta de acabar com a isenção havia sido esquecida até que, na primeira semana de abril de 2021, a Receita Federal divulgou documento no site oficial do órgão onde destaca o parecer favorável à taxação do livro com a alegação de que as famílias de classes mais baixas (com salários de até 2 salários mínimos) não consomem livros. Segundo a lógica do parecer, se os mais pobres não estão consumindo livros não-didáticos, a isenção não faz sentido. Mas, as críticas da sociedade civil e do Congresso é que a taxação vai tornar o livro literário ainda mais inacessível para os leitores de baixa renda.

Defendido como um direito fundamental por todas as Bibliotecas Públicas e Comunitárias, o acesso ao livro e à literatura pode ser ainda mais dificultado pelo Estado que deveria incentivar a leitura e a produção literária nacional.

Nesse sentido, as publicações de livros de escritores locais, anunciada pelo Tamboril, são uma prova de que livro não é um produto de luxo ou de elite. A Biblioteca Comunitária localizada numa cidade do interior do norte de Minas Gerais prova que a periferia não apenas lê, mas, também, produz literatura.