De acordo com o Boletim do Setor de Epidemiologia da Prefeitura e Montes Claros divulgados na noite desta quarta-feira (24), 325 novos casos foram confirmados, além de mais seis óbitos, chegando a marca de 470. A média móvel alta não é a única preocupação do Município.
Como se não bastassem os Leitos de Covid 100% ocupados em Montes Claros, outro problema vem preocupando gestores e profissionais da saúde: a falta de medicamentos utilizados na intubação de pacientes graves. Desde a semana passada a situação vem piorando e se nada for feito, algumas unidades não terão como tratar essas pessoas.
O alerta para esse risco de desabastecimento foi feito ontem (terça-feira 23), pelo Deputado Carlos Pimenta (PDT) durante reunião ordinária da Assembleia Legislativa.
“Os nossos hospitais estão precisando de medicamentos, para serem utilizados nos CTIs, nós estamos falando de anestésicos de bloqueadores neuromusculares, de morfina… sem eles, não tem como fazer os tratamentos e intubação… Aqui em Montes Claros nós estamos correndo o risco de não ter os medicamentos dentro de alguns dias. Conversei com o Secretário Dr. Fábio Boccheretti que ficou de disponibilizar esses medicamentos”, declara.
Por meio de um vídeo, o Superintendente da Santa Casa que também é coordenador regional da Federação dos Hospitais Filantrópicos do Norte de Minas Gerais, Maurício Sérgio, se pronunciou falando da situação na cidade.
“Nós, os hospitais já notificamos o Município, o Estado e Governo Federal sobre a falta de insumos, os neurobloqueadores e da necessidade urgente da reposição desses medicamentos para assistência ideal para os pacientes, em específico na Santa Casa de Montes Claros. Nos reunimos no nosso comitê de crise com os profissionais médicos, em especial os anestesistas que atuam nessa parte com os pacientes, com o uso dos bloqueadores. A nossa alternativa foi orientar para que eles utilizem de outros medicamentos que nós possuímos nos nossos estoques, para continuarem com a assistência total, assim como também estão sendo feitas nos outros hospitais da região. Já notificamos as autoridades competentes sobre a falta desses medicamentos e estamos aguardando agora a chegada dos medicamentos que estão por parte dos órgãos competentes”, finaliza Maurício Sérgio.
A secretaria de Saúde, Dulce Pimenta, informou que os hospitais estão atendendo além da capacidade e por isso o alerta.
“A gente vem observado que em algumas regiões do país já estavam em falta os medicamentos, anestésicos e sedativos que são importantes para manter o paciente intubado. Aqui no nosso município, nós acionamos semana passada a Secretaria de Estado e Saúde, Ministério da Saúde, todos os deputados da bancada do Norte de Minas, para que nos ajudassem e aos hospitais de Montes Claros. Na semana passada, a secretária de estado da saúde disponibilizou quantitativo desses medicamentos para os hospitais que estavam mais críticos, mas esses remédios só deram para três dias, eles á finalizaram. Mesmo os hospitais que não estavam apontando essa deficiência, fizeram ontem um documento e entregaram na secretaria colocando que nas próximas horas tinham o risco de acabar o medicamento e levantando o questionamento de como iriam manter o paciente sedado e intubado”, esclarece Dulce.
Em coletiva à imprensa nesta quarta-feira (24/3), o secretário de Estado de Saúde, o médico Fábio Baccheretti, afirmou que o isolamento social é uma decisão humanitária que tem como principal objetivo preservar a vida dos mineiros e garantir atendimento hospitalar a todos os doentes.
Durante a coletiva, o secretário também destacou que o governo estadual está em contato com o Ministério da Saúde para obter ajuda na reposição de oxigênio e insumos, como o kit intubação.
“O Ministério da Saúde nos comunicou que, na sexta-feira (26/3), irá fornecer insumos a todos os estados, sem afetar a entrega periódica aos hospitais, ou seja, será um lote a mais. Nós, de forma imediata, iremos fornecer para suprir esses hospitais que vêm sofrendo mais”, informou.
Sobre o oxigênio, ele explicou que o maior desafio é logístico, mas o Estado também está ajudando os hospitais a fazerem a reposição do item.
“Vários hospitais expandiram leitos com cilindros e estamos tentando agora qualificar essas unidades com financiamento e ajuda técnica, para que esse problema logístico seja amenizado e os cilindros, fornecidos. Destaco também que a Fiemg anunciou ontem a ajuda ao estado com novos cilindros de oxigênio que vão poder ajudar nesse momento de maior consumo”, afirmou.
Em nota, a Secretaria de Estado e Saúde informou que, em todo o Estado, para 17 hospitais a SES-MG repassou 71 mil 790 unidades de medicamentos, somando investimento superior a R$ 469,8 mil. Além de Montes Claros e Janaúba as instituições de saúde contempladas estão sediadas em Monte Carmelo; Poços de Caldas; Uberaba; Patos de Minas; Belo Horizonte; Unaí; Santo Antônio do Monte; Almenara e Contagem.
A superintendente regional de saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques explicou que diante do aumento dos casos notificados de Covid-19 na região ampliada de saúde do Norte de Minas, composta por 86 municípios, “a SES-MG está realizando o monitoramento semanal da situação dos estoques de medicamentos nos hospitais. O trabalho visa compartilhar informações entre as SES-MG com as unidades de saúde a fim de que, em caso de necessidade, providências sejam tomadas de forma ágil para suprir as demandas existentes, possibilitando com isso o atendimento dos pacientes que necessitem de internação nas Unidades de Terapia Intensiva – (UTIs)”.
De acordo com memorando enviado nesta terça-feira, 23, às unidades regionais de saúde, a Superintendência de Assistência Farmacêutica da SES-MG, com base no monitoramento semanal junto aos hospitais, para além das cotas a serem recebidas do Ministério da Saúde, adicionalmente a SES-MG está providenciando a aquisição de medicamentos e, no momento, está aguardando a entrega por parte de empresas fornecedoras. Por outro lado, novas aquisições de medicamentos estão sendo planejadas de acordo com as oportunidades de mercado.
Além disso, a SES-MG está reforçando perante aos hospitais que as instituições também devem manter as tentativas de prospecção de itens junto aos fornecedores com os quais já possuem relacionamento, a fim de contribuir para que sejam mantidos os estoques de medicamentos para o atendimento de pacientes nesse momento de agravamento da pandemia da Covid-19.