O bitcoin está atraindo a atenção de investidores e reguladores financeiros e dá fortes sinais de uma adoção mais ampla como alternativa à moeda fiduciária, controlada pelo Banco Central. Aqui está a evidência mais recente para essa proposição: esta criptomoeda alcançou o seu maior preço desde que foi lançada. Na cotação de 10 de março de 2021, o bitcoin foi negociado na faixa de US $ 56 mil. Na mesma data, a moeda digital ultrapassou o valor de R$ 322 mil no Brasil.
O que é bitcoin?
Bitcoin é um tipo de moeda digital que surgiu após a crise financeira de 2008. Esta criptomoeda, a mais proeminente entre as existentes, permite que as pessoas evitem bancos e métodos de pagamento tradicionais. Os criadores do bitcoin fizeram um sistema no qual as moedas são emitidas por meio da chamada “mineração” controlada por sistemas de computadores.
O bitcoin conta com a tecnologia “blockchain”, um banco de dados compartilhado de transações, com entradas que devem ser confirmadas e criptografadas. A geração de novos bitcoins é controlada por um sistema matemático – que é descentralizado – por isso não depende uma instituição abrangente como um banco. O objetivo é que cada usuário seja o seu próprio banco.
A escalada meteórica do bitcoin
Quando o bitcoin era apenas um projeto novo no mercado de câmbio, em 2009, seu valor era zero, pois
apenas alguns fãs o trocavam em fóruns da Internet. Pouco a pouco a criptomoeda foi se tornando um meio eficiente de transferência de dinheiro na Web, adquirindo um conjunto transparente de regras que lhe conferiam maior segurança, ganhando a confiança de usuários e investidores.
Em 2011, o bitcoin valia R$ 40 e, na mesma época, US $ 15 dólares nos Estados Unidos. Em dez anos, depois de sofrer algumas oscilações significantes, a moeda eletrônica ganhou, neste início de 2021, o status de ouro digital e sua capitalização de mercado está acima de 1 trilhão de dólares.
Segundo o site 8marketcap, além do bitcoin, existem sete ativos globais negociáveis com capitalização de mercado superior a 1 trilhão de dólares, entre os quais estão o ouro e a prata, metais que são referência de reserva de valor há mais de quatro mil anos. Em valor de mercado de empresas, o bitcoin fica atrás somente das gigantes Apple, Saudi Aramco, Microsoft, Amazon e Alphabet (Google). A título de comparação, o valor de mercado do bitcoin, atualmente, supera a soma de todas as companhias listadas na Bovespa.
O que explica a popularidade do bitcoin nos últimos meses?
A alta no preço do bitcoin nestes últimos meses tem relação com o aumento do fluxo de investimentos institucionais, como por exemplo, a compra de mais US $ 87 milhões em bitcoin pela Grayscale, gestora do maior fundo de bitcoin do mundo – o Grayscale Bitcoin Trust (GBTC). “A quantidade de ativos sob nossa gestão dobrou desde 1º de janeiro de 2021”, revelou o CEO da empresa, Michael Sonnenshein.
Há cerca de um mês, o multimilionário Elon Musk atualizou a sua política de investimentos anunciando a compra de US $ 1,5 bilhão em bitcoins, através da montadora Tesla. A empresa disse ainda que “espera começar a aceitar bitcoins como forma de pagamento por seus produtos em um futuro próximo, sujeito às leis aplicáveis e inicialmente de forma limitada”. O mercado acredita que a decisão da Tesla deva estimular outras companhias a investir em criptoativos. Já circulam rumores sobre a adesão da Amazon e da Apple.
O PayPal, desde outubro de 2020, já aceita transações envolvendo bitcoins em sua plataforma. A novidade chegou primeiro para os clientes norte-americanos, mas a partir de 2021 deve alcançar outras regiões. “Estamos ansiosos para trabalhar com bancos e instituições financeiras reguladoras em todo o mundo para oferecer nosso apoio e contribuir significativamente para moldar o papel que as moedas digitais desempenharão no futuro das finanças e comércios globais”, disse o CEO do PayPal, Dan Schulman.
Parceria com loterias
Uma forma de popularizar a criptomoeda foi dar a opção aos jogadores de loteria de receber prêmios em bitcoin, no caso de vitória. A maioria das pessoas adoraria colocar as mãos em bitcoins, mas para negociá-los é preciso entender o mercado financeiro e, para minerá-los, custa caro. Obviamente, voltar no tempo para 2009 e comprá-los por centavos, também é impossível.
Então, as grandes plataformas globais de loteria viram que pagar em bitcoins seria uma ideia atraente. O site Lottoland foi pioneiro em oferecer a opção de pagar um prêmio em bitcoin, criando a Bitcoin Lotto. De fato, com o cenário promissor da moeda virtual, receber um prêmio em bitcoin pode ser mais valioso
do que a quantia em dinheiro.
Novidades no mercado brasileiro de bitcoin
Neste início de 2021, o governo brasileiro zerou o imposto de importação para dispositivos eletrônicos
que dão suporte às criptomoedas. Com essa decisão, a comunidade poderá armazenar suas criptomoedas em carteiras, que são locais mais seguros para os investidores guardarem seus ativos, principalmente agora que a negociação da moeda digital alcançou este patamar. Existem várias casas de câmbio onde os consumidores podem trocar dinheiro “fiduciário” tradicional – com apoio de governos – por criptomoedas, que devem ser armazenadas usando uma carteira digital.
Algumas financeiras também criaram novos produtos de investimento baseados em bitcoin e outras criptomoedas. Na última segunda-feira (08), a exchange de criptomoedas, Brasil Bitcoin, lançou o cartão
Elo, que permite pagamentos com bitcoin (BTC) em todos os tipos de loja, com conversão automática da
moeda digital para o Real, processando a compra em maquininhas físicas ou online.
Conclui-se então, que a popularidade do bitcoin e a explosão de valor desta criptomoeda no mercado mundial se explica pelo interesse de grandes empresas pela nova moeda, pela sua comparação com o ouro, podendo se manter valorizada em tempos de crise econômica ou aumento da inflação, bem como
pelo frenesi da mídia, pois está mais do que nunca sob os holofotes de novos investidores.