Família acusa equipe do SAMU de ter negado atendimento a criança com paralisia cerebral, em Montes Claros

Uma família em Montes Claros acusa o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de ter recusado atendimento a uma criança de cinco anos com paralisia cerebral, na última quinta-feira (11).

A família mora no Bairro Monte Sião II e segundo Talita Sampaio, tia de João Antônio Carlos, ele convive com a doença desde quando nasceu. Além disso, tem asma e precisa usar uma sonda para se alimentar. Ela conta que diante de tantos problemas de saúde, é comum João passar mal e precisar ser levado ao hospital. Talita relata que por volta das 19h30 a família ligou para o serviço móvel, mas a pessoa que atendeu a ligação demonstrou indiferença e negou o envio de uma ambulância.

“Nós ligamos desesperados para o Samu, porque o meu sobrinho estava com febre alta, falta de ar e ainda estava começando a ficar roxo, já que por causa da asma ele costuma ter dificuldades para respirar. A pessoa que nos atendeu, da primeira vez, disse que não tinham ambulância para socorrê-lo e que teríamos que encontrar outro jeito, ou senão, ligar para os Bombeiros. Nós insistimos e eles disseram que meu sobrinho estava com coronavírus. Eu expliquei que não era a primeira vez que ele passava mal assim, mas mesmo diante de todas as explicações, eles continuaram negando o socorro”, afirmou.

Muito abalado, o pai de João, José Carlos, disse ao Portal Webterra que ligou para os Bombeiros, mas foi informado por um dos militares que como o caso era de urgência, apenas o Samu poderia fazer o transporte de forma segura, uma vez que no meio do caminho a criança poderia precisar de algum suporte médico. “Eu insisti muito, e até os Bombeiros ligaram para o Samu que informou a eles que não tinha recebido nenhum chamado. Eu retornei a ligação e o atendente do Samu simplesmente virou pra mim e disse que não podia fazer nada que eu me virasse e fizesse meus ‘corre’ para salvar a vida do meu filho”, lamenta.

Sem alternativas, José Carlos disse que precisou fretar um carro para socorrer o menino. “Como a ambulância negou o atendimento, tivemos que pagar um frete para levar o João ao hospital. Gastei R$ 35,00 para tentar salvar a vida do meu filho, que desde que nasceu luta para sobreviver”.

“Até o dinheiro tive que pegar emprestado para pagar o moço. Assim que chegamos no Hospital Universitário, corremos contra o tempo para conseguir que ele fosse atendido. Ele sofreu uma parada cardíaca e teve que ser entubado. Creio que se ele tivesse sido socorrido na hora que ligamos para o Samu, talvez nem precisasse da intubação”, completa.

No momento, o estado de saúde do João é estável, ele ainda está internado no hospital.  Mas o pai dele afirmou que vai acionar o poder judiciário.

“Vamos procurar a justiça. Queremos que o caso de João sirva de exemplo para que não aconteça com outras pessoas”, finaliza José Carlos.

O que diz o SAMU:

Devido ao aumento do números de casos suspeitos e confirmados de COVID-19 no Norte de Minas e, principalmente, em Montes Claros, as ambulâncias do SAMU Macro Norte estão com uma alta demanda no número de ocorrências com pacientes acometidos pelo vírus. Esses atendimentos são mais longos por a equipe precisar se paramentar e desparamentar de forma cautelosa, além da ambulância precisar de uma desinfecção criteriosa. Infelizmente, o serviço é limitado e não há possibilidade de atender todos os chamados que entram via 192.

À respeito desta solicitação, o chamado será analisado pelo setor responsável afim de investigar o motivo pelo qual não foi possível realizar o atendimento ao paciente naquele momento.