Teve alta na última semana o primeiro paciente transplantado de medula óssea autólogo (autotransplante) na Santa Casa de Montes Claros. O transplante, conduzido pela médica Gianne Donato Costa Veloso, coordenadora do Serviço de Hematologia e Transplante de Medula Óssea do hospital, foi realizado no dia 08 de janeiro deste ano. O procedimento é realizado em parceria com o Hemocentro Regional de Montes Claros.
Segundo a especialista, o transplante é feito em quatro etapas, sendo que na primeira, é realizada a avaliação da indicação do procedimento e realização de exames.
“A segunda é a mobilização das células, na qual o paciente recebe medicamentos que vão fazer com que as células-tronco da medula óssea circule no sangue periférico. Em seguida, coloca-se um catéter central (parecido com o de hemodiálise) e o paciente vai para a Hemominas, onde ele é colocado numa máquina de aférese que filtra o sangue e recolhe as células-tronco. Posteriormente, as células-tronco são conduzidas para Belo Horizonte, onde ficam criopreservadas com uma solução protetora. Na terceira etapa, o paciente é internado e é feito uma quimioterapia de alta dose. Essa quimio erradica as células tumorais residuais, mas pode erradicar também a medula óssea. Ou seja, sem o procedimento de reinfusão das células-tronco, haveria complicações muito graves. Após, mais ou menos, 10 a 15 dias, a medula óssea volta a produzir e o paciente pode voltar pra casa”, explica.
O Transplante de Medula Óssea ou TMO é um procedimento utilizado para substituir a medula óssea do paciente que não está funcionando adequadamente. A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso localizado dentro dos ossos, responsável por fabricar todos os elementos do nosso sangue. Drª Gianne ressalta que o passo dado pela Santa Casa de Montes Claros é de extrema importância para a região. “Este é um momento único, inédito. É um marco para nossos pacientes portadores de doenças da medula óssea. A partir de agora, eles vão poder fazer esse tratamento aqui, sem precisar se deslocar para a capital”, pontua.
José Claret Soares Afonso, 59 anos, é morador de São João da Vereda, distrito de Montes Claros-MG. Ele foi diagnosticado com mieloma múltiplo, um tipo de câncer que ataca a medula óssea, em maio de 2019. Para recuperar a qualidade de vida, ele foi submetido ao procedimento, que foi realizado através do Sistema Único de Saúde – SUS. “Antes era terrível pra mim porque a situação não era boa. Eu tinha medo quando anoitecia e tinha medo quando amanhecia, pois a dor era demais! Tinha dia que falava com meus irmãos que eu não tinha vida mais”, fala.
“Festa da Pega”
No dia da alta, o paciente José Claret foi surpreendido com a “Festa da Pega” por toda a equipe multidisciplinar da Santa Casa. Emocionados, a equipe explicou para o Seu Claret que o transplante tinha dado certo. “Antes de acontecer esse negócio comigo eu era trabalhador rural. Mas depois, nem uma hora de serviço eu aguentava mais, eu nem levantava da cama. Foi tamanho sofrimento. Graças a Deus, ocorreu tudo bem. Nas mãos de bons profissionais, tudo ficou bem na minha vida. Hoje estou disposto pra voltar pra roça”, conta agradecido. A “pega” da medula é um jargão médico usado carinhosamente quando o corpo volta a fabricar as células do sangue, após o transplante, o que significa que o paciente apresentou recuperação da função da medula óssea nova e o transplante deu certo.
**Com informações da Ascom Santa Casa