O assassinato de Cássio Reis dos Santos, candidato a vereador pelo PSDB, em Patrocínio (MG), acendeu o alerta para a ocorrência de eventuais crimes relacionados às eleições municipais deste ano. O ex-secretário de Obras da cidade Jorge Marra, autor dos disparos, foi preso neste domingo (27) três dias após o crime. Marra é irmão do prefeito do município.
Somente no mês de setembro deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirma que já recebeu 106 solicitações de envio da Força Federal para reforçar a segurança durante o primeiro turno das eleições, que ocorre em 15 de novembro. O Maranhão é o estado com o maior número de pedidos, com 98 solicitações. Mato Grosso do Sul e Amazonas aparecem logo em seguida com a maior quantidade de cidades solicitando a Força Federal, com cinco e três pedidos, respectivamente.
Felipe Borba pesquisador da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e autor de um estudo sobre a violência durante as eleições, afirma que cidades pequenas são mais suscetíveis a crimes durante disputas eleitorais. Segundo o cientista político, isso ocorre pelo fato das eleições municipais nessas cidades não terem tanta visibilidade, quando comparadas aos grandes centros urbanos.
“Eleições municipais, principalmente em pequenas cidades, têm uma visibilidade menor em comparação às disputas nacionais em que candidatos, de certa forma, estão mais protegidos.”
No momento em que foi assassinado, Cássio Reis dos Santos gravava uma live em que denunciava supostas irregularidades praticadas pela atual gestão da Prefeitura de Patrocínio.
O especialista em segurança pública Leonardo Sant’anna afirma que o Brasil possui um triste histórico de violência em relação a pessoas que expõem irregularidades e crimes praticados por quem está no poder. “Denúncias são sinônimo de risco no Brasil, assim como ter uma posição política”, diz.
Segundo a pesquisa da UniRio, entre 2000 e 2018, 79 candidatos foram assassinados no Brasil. Do total de crimes, 63 foram praticados contra postulantes ao cargo de vereador; seis a prefeito; e três a vice-prefeito. Isso significa que 91% desses crimes ocorreram na esfera municipal. Completam o levantamento o assassinato de quatro candidatos ao cargo de deputado estadual e três de deputado federal.
Fonte: Brasil 61