Após três edições seguidas de queda no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), Minas Gerais inverte a tendência e, além de recuperar a trajetória de boa qualidade nos ensinos fundamental e médio, também apresentou os melhores indicadores já alcançados em fluxo e proficiência. Trata-se do maior salto na história do Ideb no estado. No ensino médio, o Ideb passou de 3,6 para 4,0, sendo três décimos superior ao maior Ideb já alcançado nesta etapa de ensino, em 2011.
Os dados do ano-base 2019 foram divulgados nesta terça-feira (15 de stembro) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Eles foram apresentados pelo governador Romeu Zema e pela secretária de Educação Julia Sant’anna durante coletiva de imprensa.
“Minas conseguiu na última avaliação do Ideb no ensino médio a sua maior nota em toda a história, desde que esse índice foi criado. Estamos falando que é o melhor desempenho em 15 anos. Isso demonstra muito bem que a gestão pública, muito mais que só de recursos, depende também de boas ferramentas de gestão”, destacou o governador.
Zema ressaltou ainda que o empenho em sua gestão para diminuir a taxa de evasão escolar, reformular e melhorar o ensino integral permitiu que Minas alcançasse os expressivos resultados. “Depois de muitos anos perdendo posição no ranking nacional, Minas avançou três posições. Saímos do 12º para o 9º lugar. Mas queremos mais. Fica o meu agradecimento aos professores, às professoras e gestores da educação. Fico honrado de estarmos colocando novamente Minas no rumo da boa educação”, afirmou o governador.
A secretária de Estado de Educação, Julia Sant’Anna, também comemorou o resultado, após Minas Gerais passar por um momento de “apagão” na qualidade do ensino apesar de toda a dificuldade financeira enfrentada pelo estado. “Foi este estado que conseguiu reorganizar suas finanças, dispor de recursos para restabelecer os repasses para as escolas, realizar obras e isso ser revertido em bons indicadores de educação”, afirmou a secretária.
Julia Sant’Anna também valorizou o resultado obtido no ensino médio, principalmente na busca ativa de 15 mil alunos que retornaram às salas de aula. “O grande trabalho feito por esta administração durante o primeiro ano da gestão foi focado naquela situação que era a mais frágil na história de Minas Gerais, o ensino médio. O estado tem uma história linda em relação a sua educação pública, mas trazia ainda uma fragilidade em relação ao ensino médio. Agora temos muito orgulho de trazer aos cidadãos mineiros a maior posição no Ideb de ensino médio na história do estado”, disse.
Resultados
De acordo com os resultados, a nota média padronizada, calculada a partir das proficiências de Língua Portuguesa e Matemática na avaliação nacional (Saeb) chegou a 4,76, um décimo acima da maior nota anteriormente obtida pelo estado, em 2007. Já no indicador de rendimento, o estado alcançou 0,84, três décimos acima do maior valor alcançado pelo estado, em 2013.
Um dos pontos mais expressivos que ajudaram Minas Gerais a conquistar esses resultados no Ideb foi a queda no abandono escolar. O estado é o segundo melhor em queda de abandono, ou seja, a partir de ações efetivas, Minas conseguiu diminuir o número de alunos que deixaram de frequentar a escola.
Em 2017, a taxa de abandono era de 8,1% no ensino médio, 3,1% nos anos finais do ensino fundamental e 0,3% nos anos iniciais. Já em 2019, a taxa registrada no ensino médio foi de 5,3%, nos anos finais do ensino fundamental foi de 1,6% e nos anos iniciais de 0,2%.
Como parte dos números históricos dessa edição do Ideb, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) destaca também o expressivo aumento da participação dos alunos do ensino médio na realização da prova, fruto de uma mobilização realizada entre Superintendências Regionais de Ensino e diretores das escolas da rede. O índice de escolas do ensino médio que passaram a ter Ideb – por terem garantido a participação de no mínimo 80% dos alunos na avaliação nacional – saltou de 56% para 77% das unidades da rede. Já no ensino fundamental anos finais esse salto foi de 69% para 87% das escolas e no ensino fundamental anos iniciais, 93% das escolas tinham o Ideb e agora 97% possuem o índice.
Anos finais do ensino fundamental recuperam evolução
Os resultados também mostram crescimento histórico na nota média padronizada dos anos finais do ensino fundamental. Em 2019, Minas Gerais alcançou 5,29, retomando a maior nota já alcançada no estado, em 2011. Já no indicador de rendimento foi alcançado 0,88, que representou uma evolução de quatro pontos percentuais em relação a 2017. Em consequência disso, o Ideb apresentou crescimento de 4,4, em 2017, para 4,6, em 2019. No que se refere aos anos iniciais do ensino fundamental, cujo Ideb do estado é historicamente reconhecido, o resultado foi o mesmo de 2017, se mantendo em 6,5, com a posição nacional 4º lugar entre os estados.
Ações coordenadas explicam os bons resultados
Os resultados obtidos foram fruto de um trabalho minucioso de melhoria da gestão com foco em aprendizagem e no apoio às boas iniciativas das comunidades escolares. Desde o início de 2019, as escolas estaduais vêm realizando um trabalho minucioso de gestão de informações sobre alunos, professores e turmas.
Com as superintendências fortalecidas pelas lideranças nomeadas a partir do processo seletivo Transforma Minas, as escolas tiveram ainda mais apoio para o aprofundamento da qualidade das ações da gestão de notas e frequência e melhoria do cadastro dos alunos, garantia da vinculação de professores às turmas. A partir dessas ações, foi possível viabilizar solução ao histórico problema de superlotação em salas de aula, com a realização do desmembramento de mais de 600 turmas em todo o estado.
A melhoria na gestão dos dados pelos diretores viabilizou campanha de busca ativa de alunos em vias de evasão, garantindo retorno de mais de 15 mil estudantes à rede estadual. Para auxílio a esses alunos e a aqueles que, apesar de frequência constante, apresentavam déficits de aprendizagem, a SEE lançou programa de reforço escolar com a oferta de mais de 114 mil vagas, distribuídas em 6 mil turmas em mais de 1.600 escolas.
Seis meses após o início da gestão, a SEE reformou o programa de Tempo Integral, adequando a modalidade aos conceitos nacionalmente reconhecidos. As oficinas de contraturno foram substituídas por matriz curricular única em turmas seriadas, fortalecendo a proficiência com a garantia da progressão dos estudos neste formato.
Em 2019, além do investimento robusto na contratação de professores – para o programa de reforço escolar em escala, para solucionar questões de superlotação de turmas e para viabilizar nova metodologia de tempo integral -, por meio do programa Mãos à Obra na Escola, cerca de R$ 120 milhões foram aplicados em reformas e revitalizações de 770 escolas aproximadamente, em mais de 350 municípios mineiros.
Tão logo iniciada a nova administração, foram imediatamente restabelecidos repasses às escolas, de alimentação escolar e custeio, e aos municípios, de transporte escolar, com investimento total de R$ 425 milhões anualmente. Esses recursos haviam sido suspensos pela gestão anterior, fragilizando bruscamente o processo educacional em todo o estado.