Um espetáculo que colore o céu, mas também pode causar transtornos, dor de cabeça e susto. Os fogos de artifícios podem provocar danos ambientais e sociais. Em Montes Claros, um abaixo-assinado foi criado para tornar lei a proibição dos explosivos barulhentos na área urbana.
De acordo com a idealizadora da petição Raíssa Carvalho, o objetivo é ajudar crianças autistas e animais que sofrem com a ação. “A finalidade é proibir, pois afeta muito a saúde dos autistas, dos animais de estimação, de recém-nascidos. A petição começou seis meses atrás, quando eu percebi o quanto minhas amigas, mães de autistas reclamavam que os seus filhos ficavam agitados, sofriam e chorando por causa dos fogos. No meu caso, eu tenho um cachorro e vejo o quanto ele fica perturbado com o barulho”, conta.
O Advogado, Erick Silveira ressalta que o intuito é tornar a petição em um Projeto de Lei, como em outras cidades. “Há muito tempo, as pessoas têm reclamado dos fogos de artifícios. A minha esposa junto a outras amigas se mobilizaram e pensaram em um projeto de lei, baseado em outras cidades, para coibir essa prática na zona urbana. Hoje, não há razão para a prática, de mantê-la causando poluição sonora. Claro que é uma diversão, mas há mecanismos de fazê-la sem muito barulho”, diz o advogado.
Ainda de acordo com Erick, é importante lembrar que a pratica indiscriminada e irregular dos artefatos pode ocasionar incêndio em casas e até mesmo provocar conflitos entre vizinhos. “A lei não pretende proibir os fogos em geral, mas aqueles barulhentos. É uma campanha para sensibilizar as pessoas. Pode haver, mas sem barulho porque assusta animais, crianças e bebês”, aponta.
A fisioterapeuta Rawielle Pascoal é mãe dos trigêmeos autistas Paulo, Pedro e Mateus, de oito anos, e revela as dificuldades que convive no período em que os fogos se intensificam. “Um deles [Paulo] tem problemas seríssimos com o estrondo dos fogos, choro, desespero, crises nervosas e medo. Ele usa um abafador e temos que fechar janelas e portas. Boa parte dos autistas apresentam hipersensibilidade sensorial e sofrem muito com o barulho dos fogos de artifícios. Aqui, ficamos impossibilitados de sair, frequentar festas como as juninas, virada de ano”, conta.
A veterinária Ana Lorena, explica que o barulho desses explosivos pode acarretar em sofrimento e desgastes aos pets. Para tentar amenizar, o tutor precisa deixar o animal o mais próximo possível. “Cachorro e gatos têm a capacidade de audição muito elevada. Um barulho que para nós pode parecer pouco, para eles é muito mais alto. Um animal se for cardiopata pode morrer por conta do estresse, outros podem dar convulsão, se morder até sangrar”,
Segundo a petição popular, o intuito não é proibir fogos de artifício de maneira geral, apenas os que têm “efeito sonoro ruidoso”. Continuariam permitidos, por exemplo, os chamados fogos de vista, que não têm estampido, e os que produzem barulho de baixa intensidade. Os interessados para participar do abaixo-assinado, basta preencher o nome completo, e-mail. Em seguida, ele será encaminhado aos legisladores.