Aplicadas remotamente, aulas de educação física provocam interação familiar durante isolamento social

Devido ao isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus, lugares que antes eram de entretenimento, brincadeiras ou para descanso, se tornaram salas de aula. Durante este período, professores, pais e alunos enfrentam o desafio de aprender e ensinar. Em meio a essas mudanças, uma disciplina se tornou essencial: a educação física.

Manter crianças e adolescentes em isolamento social durante este período é importante, mas, especialistas alertam sobre a necessidade de manterem uma rotina de atividades.

De acordo com a professora de educação física, Rachel Ellen Melo, da Escola Estadual Salvador Filpi, em Montes Claros, a maneira que eles encontraram foi oferecer atividades lúdicas, abordando nas aulas, temas como jogos e brincadeiras da região, com questões teóricas, práticas e que permitem a pesquisa.

“Eles têm a oportunidade de perguntar para os pais quais eram as brincadeiras que eles brincavam quando eram criança. Eles podem, ainda, selecionar algumas brincadeiras e até colocar em prática com seus pais, como morto vivo, amarelinha, pular corda, brincar de batata quente, que são brincadeiras mais simples que eles podem fazer no âmbito familiar”, destaca.

Para os alunos de séries maiores, a professora explica que foram abordados jogos e brincadeiras da matriz indígena e africana, como por exemplo a capoeira; além de esportes de campo e de invasão e atividades com o tema jogos eletrônicos: onde os alunos tiveram que reconstruir o jogo utilizando a criatividade.

Já com os alunos do sexto ano o assunto estudado foi o sedentarismo. “Passei uma atividade pra eles fazerem, que é tirar pelo menos um tempinho do dia e se alongar e de preferência fazer alguma atividade física que eles mais gostam”.

As atividades tem dado tão certo, que os pais já notaram diferença no dia-a-dia dos filhos, é o que conta Josilene Santos Cunha, mãe da aluna Maria Helena Santos Cunha. “As atividades de educação física em casa estão sendo importantes porque estamos interagindo, coisa que não acontecia por motivos de trabalho. Nunca tinha tempo, mas hoje está sendo diferente; confeccionamos alguns objetos que nunca imaginei fazer, agradeço muito pelo apoio da professora”, conta.

Reprodução do jogo Pac-Mac, realizado pelos alunos durante a pandemia

Outra instituição que teve que se adequar ao “novo normal” foi o Colégio Padrão Internacional. Por lá, as aulas de educação física também são realizadas remotamente, uma vez por semana. A Coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental Grazielle Miranda Tibo, conta que cerca de 280 alunos são assistidos pela disciplina.

“Em nosso planejamento, estão sendo realizadas atividades divertidas que envolvem atenção e coordenação. Os nossos alunos estão adorando as atividades de alongamento, corrida e os desafios propostos pela equipe esportiva”.

O engenheiro, Moraci José Ribeiro Neto e a professora, Kamilla Marcelino Dias tem acompanhado de perto as atividades do filho, o pequeno Théo Dias Ribeiro de sete anos. Eles ressaltam que, mesmo a distância, as aulas online têm auxiliado durante a suspensão das atividades esportivas que o filho realizava foram do ambiente escolar.

“A contribuição é muito válida, uma vez que meu filho ficou sem praticar as atividades esportistas que praticava. A professora explora bem a movimentação do corpo ao máximo, mesmo online, utilizando o espaço e objetos que temos em casa”.

A importância da educação física durante a pandemia

"Embora, muitas vezes lembrada não como matéria, mas sim como lazer, o professor de educação física e psicomotricista, Anderson Cardoso, explica é fundamental a necessidade de dar continuidade a essas atividades em casa. “Na pirâmide de aprendizagem a base para a cognição é a motricidade, então se precisamos organizar a nossa inteligência não podemos pensar em não praticar atividades físicas”.

Nesse período de isolamento, o especialista revela a necessidade da criação de uma rotina para crianças e adolescentes para desviar a atenção dos eletrônicos e dar limite de uso. Isso os levará a desenvolver curiosidade nas brincadeiras provocará bons momentos de interação com a família.

“Tenho relato de pais que, neste período, ensinaram para os filhos brincadeiras de sua infância, como cipozinho queimado, queimada, elástico, brincadeiras de roda, e viram resultados impressionantes das respostas que eles deram e de quanto isso melhorou a interação no ambiente familiar. ”, afirma.

Ainda segundo o especialista, a atividade física fortalece o sistema imunológico, além de prevenir doenças, traz a sensação de prazer e reduz o stress. “O isolamento traz uma mudança no comportamento que se torna prejudicial para a saúde, que é o mau hábito de comer compulsivamente e ficar ocioso diante da TV e redes sociais. É aí que vemos a importância de dar continuidade das atividades físicas no ambiente doméstico”, destaca.

**Escrita pelo repórter Carlos Alberto Jr.