Com o objetivo de resgatar e lembrar a verdadeira história do esporte varzeano em Montes Claros, o ex-atleta, Robson Roger, de 66 anos, topou a difícil tarefa de materializar e reunir as principais narrativas do futebol na cidade, em um livro.
De acordo com ex-futebolista, que atuou no Juventus, Ponte Branca, Corb, Thais e Major Prates, a ideia de tirar da cabeça e colocar no papel, foi a maneira que encontrou de valorizar e inspirar futuros atletas no esporte, que é praticado nos campos de bairros, vilas e favelas e que não possui estrutura adequada.
“Os maiores atletas iniciaram nos campões de terra, um exemplo disso o maior de todos: o príncipe Nilson Espoletão. Além da vivência na várzea, durante 36 anos como atleta, convivi com os maiores nomes do futebol varzeano”, conta.
Criar um grupo em um aplicativo de mensagem, foi o primeiro passo para receber todo o acervo. A intenção é produzir, com todo o material adquirido, um livro que além dos mais variados casos e histórias, será ilustrado por fotos de ex-companheiros de modalidade e dirigentes.
“Você sabia que próximo ao Jornal de Notícias, onde era o Posto Lux, antes do São Lucas [hospital], era um campo de futebol?”, indagou o ex-atleta. Com essa pergunta já dá para se ter a noção da importância que vale o registro. Spoiler para os mais jovens que não fazem ideia do que tinha por ali.
Robson é fundador do Montes Claros Esporte, o primeiro supervisor da equipe e foi quem montou a primeira formação do grupo, junto ao vice-presidente José de Souza, quando trouxeram o jogador “Dandão” para Montes Claros.
O tradicional ‘Campeonato Rural’ ganhou vida através da parceria dele com o Zé Pica-Pau, com quem realizou a primeira edição, contando com a participação de várias equipes, entre elas: Lagoinha, Pentáurea, Ermidinha, Trayras e Serra Verde. Foi dele também a primeira organização do Campeonato Master. Na época, coordenava o esporte no Lagoa da Barra.
“Como pode observar da metade da década de 60 para cá, tudo que aconteceu no futebol de Montes Claros eu estive participando e conheço a história. Estamos buscando informações de atletas da época. Um deles o mestre Zanza dos Catopês, que jogou no Olaria e depois no Juventus”, diz.
A evolução do futebol varzeano
O Pompeia havia acabado de sagrar-se campeão amador de BH e o Juventus campeão Varzeano. A liga, por meio de seu presidente, Geraldo Alcides Teixeira, promoveu um jogo entre as duas equipes aqui em Montes Claros, no campo do Cassimiro. O Juventus venceu por 2 x 0, com gols de Lois Emiliano, mais conhecido como Lois Baleiro.
Para se ter noção de que muita coisa mudou no esporte, com o passar dos anos, o ex-atleta Robson, destaca como as posições dos jogadores eram distribuídas. Ele explica que o camisa 5 era cabeça de área, o 8 era meia direita e o 10 era meia-esquerda.
“Eu jogava nas três posições e dependia muito do adversário. Eu gostava muito da armação de colocar os companheiros na cara do gol, mas minha principal característica era a bola parada. Era perfeito e tinha um canhão no pé. Naquele época era assim, quando a coisa ficava feia lá atrás, virava para o treinador e falava: tira fulano e coloca outro no lugar! Eu vou pra zaga”, relembra.
Os rascunhos do livro já estão em processo acelerado de criação e a cada dia uma nova informação é compartilhada por membros do grupo, nas redes sociais. “Claro que não conseguiremos retratar toda a trajetória e a história do futebol varzeano de Montes Claros, mas estaremos com certeza em torno de 90%. Todos estão aguardando ansiosos. Todos os dias alguém me envia alguma coisa”, comemora.
A data de publicação, segundo o Robson, ainda não está definida, devido à pandemia do coronavírus que acomete em todo mundo. Cerca de 70% já está pronto, restando os detalhes finais, que serão realizados no segundo semestre.
“Por causa desta pandemia resolvemos fazer o lançamento somente no ano que vem, no mês de março. Local e data ainda serão definidos por causa de agenda de convidados que estarão presente no evento”, explica.
**Escrita pelo repórter Gian Marlon